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Mês passado, postei o primeiro de uma série de artigos com o seguinte tema: Segurança pública, uma matéria multidiciplinar, um tripé. Claro que a educação não deve ser encarada somente como um assunto de mero interesse relativo ao tema da segurança pública. Mas se insere neste também.
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Em 2007 estive em Cuba para lançar um filme e realizar outro. Fiquei impressionado que, apesar da pobreza do país, todas as crianças estudam, todos os adultos são alfabetizados, gostam de ler, de poesia, e etc. Claro, Cuba tem uma população em trono de 12 milhões de pessoas. Mas eles buscaram soluções interessantes. Pra começar as turmas têm no máximo 20/25 alunos. Ao invés de construirem grandes escolas, eles pegam casas em cada rua e montam uma escolinha lá. Dá pra pensar nisso aqui, indo nas comunidades, alugando casas e qualificando os proprietários para cuidarem das crianças, buscarem e levarem pras suas casas, etc.
Bem, eu sou bicão no assunto, portanto realizei uma entrevista com o Deputado Estadual do Rio de Janeiro, Comte Bittencourt, especialista no tema, educador e de uma família tradicional do ramo. Em amarelo seguem reflexões minhas.
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1- Porque a gestão da educação no Brasil está tão deficitária?
Comte - A educação, infelizmente, não é encarada com a seriedade e a responsabilidade que a nossa sociedade merece. Os governos refletem esse descaso quando optam por não valorizar o professor, o que significa, sim, uma remuneração condigna . Eles resistem em investir no percentual mínimo constitucional. Não tratam a educação como uma política de estado, mas sim como uma política de governo. Em geral, a cada gestor, seja secretário ou ministro, novos projetos são lançados e outros são abandonados. Não há continuidade nas ações. Devemos lembrar que educação não se faz em um dia.
O Brasil investe cerca de 3,02% do PIB nacional em educação, enquanto países desenvolvidos investem cerca de 5%. Claro, há carência: educadores, recursos, infraestrutura, material escolar, gente pra pensar seriamente no assunto.
2- Como mudar a educação da decoreba para uma educação que realmente ajude o jovem a pensar?
Comte – A escola precisa se tornar agradável e útil aos alunos. Só assim vai despertar maior interesse e interação. O melhor seria uma reforma criteriosa no currículo escolar e, mais uma vez, o investimento no capital humano, que é o professor. Certamente, dessa maneira, vamos construir uma escola melhor e mais agradável.
3- O que é a Lei de Responsabilidade Educacional? E como se prevê a sua implantação?
Comte – A Lei foi sancionada em abril deste ano. Com ela, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) deverá apresentar anualmente à Comissão de Educação da Alerj um relatório com todos os indicadores educacionais da rede pública estadual, até 120 dias após o término de cada ano letivo. A iniciativa é de suma importância para a educação no estado. Entre os indicadores exigidos pela nova lei, podemos citar: as taxas de alfabetização e de analfabetismo; os números relativos à evasão escolar; o total de professores em contratos temporários no estado; os programas relacionados à valorização e capacitação dos docentes, entre outros itens importantes. A implantação é de responsabilidade da Secretaria de Estado de Educação.
4- Como melhorar o nível dos professores e como podemos aumentar seus ganhos?
Comte – Oferecendo acesso e oportunidade para que os docentes invistam em sua formação acadêmica e capacitação e melhorando suas condições de trabalho. Uma melhor remuneração dos professores também ajudaria muito, mas isso depende exclusivamente do desejo dos governantes. Devemos lembrar que essa é uma categoria grande e onerosa, mas deve
ter a prioridade que a educação merece, o que justifica qualquer grande investimento.
Creio que é preciso apresentar a conta pra sociedade. Quanto custa em termos absolutos (quanto x milhões, ou bilhões de reais), e em termos relativos (porcentagem do orçamento). O cobertor é curto, então devemos optar de onde vamos tirar.
5- Como fazer que a educação chegue a 100% dos brasileiros?
Comte – Quando ela for realmente prioridade. Quando as diferentes esferas do governo conseguirem atuar de forma articulada. Os estados precisam implantar seus sistemas de ensino, definindo metas claras e estimulando os municípios a fazerem o mesmo.
A área da educação é uma potencial absorvedora de mão-de-obra. Além de possibilitar que o indivíduo reflita sobre si, sobre sua realidade e se torne mão-de-obra qualificada, precisamos de professores! Podemos contratar esta pessoa. O Brasil vai precisar de professores, de muitos professores, pedagogos, inspetores de alunos, merendeiros, diretores de escola, autores de material didático, etc.
Chegamos no outro ponto deste tripé, o das oportunidades, gerar empregos e criar consuidores. Fica pra próxima.
@cajuínas
Pois é, Paulo, todos nós estamos bem cientes disso. Todo este texto serviu mais mesmo para a gente fazer um reconhecimento de algo já bem sabido. A questão é: na grande disputa do cabo de guerra entre políticos dedicados e sinceros, e políticos mafiosos, totalmente comprometidos coma corrupção neste país.
ResponderExcluirÉ difícil ter esperança? Bom, para a maior parte da população sem história, sem conhecimentos do passado brasileiro, é fácil; mas para quem conhece bem a história política e social brasileira, fica claro o crescimento do Brasil entre "jogadas" políticas e interesses que acolhem ideais de grandes investidores, "senhores feudais" e demais agregados ao poderia financeiro.
Me pergunto: que tipo de solução para isso em primeiro lugar? Eu realmente me considero estúpido e assumo que sinceramente não sei.