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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cordel cantado e declamado - Abdias Campos




Há uma belíssima abertura com Dilas, onde este conta um pouco da história dos cordelista a partir dos anos 50, conta como era vendido o cordel, sobre a permuta entre os poetas, que iam de feira em feira vender cordel. Cita a feira de Caruaru, e como a decadência da cultura do algodão nos anos 70, impactou fortemente o cordelismo. Agora o cordel é vendido para jornalistas, estudantes e turistas.

Depois vêm os versos de Abdias Campos (PE). Ele anuncia um projeto de e-book e audio-book, é esperar pra ver como essa novidade vai ser pendurada nos cordéis das feiras virtuais.

Dá play aí, rapaz!

@cajuínas
Paulo Siqueira

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Inno Sorsy - The Hunter - african' tales - contos africanos - oral tradition- tradição oral



Narração de Inno Sorsy de um conto originário do Benin. Foi colhido para o filme "Histórias". Não entrou no  corte final e está nos extras do DVD.

É interessante a visão de uma cultura não greco-romana sobre a personalidade de um personagem. A relação bem X mal ganha outra conotação.


A performance de Inno também é espetacular. Hoje em dia ela vive na Inglaterra, mas é oriunda de uma região de Camarões, ou Cameroon. Educada na tradição oral, é fiel defensora de sua cultura. Suas tias, sua mãe, sua avó, enfim sua família é constituída de narradores, pessoas que registram as histórias de sua região e seu povo e mantém viva sua origem contando-as. São quase Griots, mas não sei se podemos aplicar o termo neste caso corretamente.

Espero que gostem.





@cajuínas

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Tradição oral e contar histórias





Em 2006 realizei como diretor o filme "Histórias"
, que trata da necessidade de contar histórias em todas as culturas humanas ao redor do mundo. O filme aborda desde a pré-oralidade, quando o homem se expressava através de danças e desenhos, na oralidade, o homem desenvolve a fala e se expressa por ela, criando, contando e armazenando sua história, atravessa a escrita, quando a documentação escrita passa a ser o registro da cultura e da história humana e desemboca na era multimídia, onde temos o rádio, o cinema, a televisão e atualmente a internet como meios de expressão humana e registro histórico.

Quando o filme foi feito, o conceito de conectividade ainda não estava tão desenvolvido como hoje, com os smartphones e etc., que nos mantém sempre conectados à rede, e nos possibilitam sermos realmente o centro do universo, ou seja, obtemos informações seletivamente, de acordo com o nosso interesse, e produzimos informações pra rede (mundo), por e-mails, blogs, twitter, youtubes e etc.

O filme teve os DVDs esgotados e muitas pessoas ainda procuram, portanto coloquei em nosso canal no youtube, a TV Caju, a primeira parte, onde o filme trata da tradição oral.




Quando um guardião de contos, lendas, histórias ou mistérios morre, é uma biblioteca que se queima aqui na terra. Não há como registrarmos todo acervo de sabedoria que possui. O registro para o texto escrito da cultura oral é insuficiente, pois muito se perde, é impossível, na literatura, registrarmos o tom, as pausas, inflexões e etc. Além do que, a narração oral, prevê a presença simultânea do interlocutor e do espectador. O narrador usará recursos como a percepção da reação do espectador, para ditar seu ritmo, grifar certos momentos, passar batido por outros. Tão pouco o registro fonográfico ou cinematográfico vai conseguir captar o saber oral totalmente, pois se perderá o recurso presencial simultâneo. Na tradição oral a passagem pelas gerações do conhecimento se faz sempre boca a ouvido, ocorrendo aí todas as transformações inerentes ao processo. A maior força da tradição oral é sua maior fraqueza.


A tradição oral traz uma ludicidade que aos poucos nós estamos tentando oprimir em nossa sociedade. Quando na roça antigamente, ao ver um redemoinho, se benzia o vaqueiro por acreditar ser um saci, hoje temos explicações físicas para o fenômeno. Pior, antigamente quem ouvia vozes, passava por um ritual de limpeza espiritual, expulsava os maus espíritos e saía curado pela catarse, hoje tem transtorno bipolar, ou esquizofrenia, toma tarja preta, faz terapia a vida toda e não se resolve.


A necessidade de contar histórias persiste no ser humano, que hoje busca no cinema, na televisão, fontes de histórias e imaginação. Isto persiste, por nossa necessidade humana de trabalharmos os arquétipos em nossa psique. Quando contamos pruma criança sobre a princesa e a bruxa, estamos passando mais que valores morais e éticos, estamos trabalhando na criança os arquétipos que vão persegui-la por toda a vida. Ela precisa da bruxa pra projetar seu ego e seus lados negativos, quando contamos pra uma criança de três anos que bruxa não existe, pronto! Não há onde projetar o lado negativo de sua personalidade, começa um processo neorotizante, depois de adulta, vinte anos de terapia, etc.

Calma! Quando ela crescer ela vai saber que lobo mau não existe, é fundamental que contemos histórias uns aos outros, para que nossa capacidade de imaginar, de criar, seja sempre estimulada. Mas nem tudo está perdido, se hoje em dia não se acredita mais em saci, o E.T. de Varginha é real. Se não se conta mais as histórias da onça e do macaco, procuramos todos os dias no jornais as histórias urbanas. Os moradores do Rio de Janeiro contam as histórias da guerra do tráfico, do BOPE, da CORE e etc. A realidade mudou, a forma de se expressar necessariamente se adapta.

Taí o mito! Ele é invencível, graças a Deus!






Através da conectividade podemos nos comunicar com pessoas e saberes de qualquer parte do mundo, por outro lado, estamos nos isolando cada vez mais de nossas famílias, nossos amigos, nossa comunidade e nosso convívio social. Numa casa de classe média há uma televisão em cada quarto, um computador pra cada um, as pessoas passam cada vez menos tempo em família. Acontecem distorções, como nas operações policiais em que pais se surpreendem de que seus filhos estão ligados a quadrilhas e etc.

Tudo o que surge (cinema, internet, livro...) vem pra somar. Não precisamos abandonar o livro por causa do cinema, nem o cinema por causa da internet. São meios os quais temos à mão para elaborarmos nosso mundo interior e nossa relação com o mundo externo.



@cajuínas