domingo, 19 de abril de 2009

Katyn, tema fundamental, filme medíocre.

O filme tem seus valores (dir. Andrzej Wajda) , a fotografia em tons quente (destaco a cena do trem pegando os prisioneiros poloneses e da igreja/prisão com a neve caindo). Edição acertada, sutilezas no roteiro, como o rosário (que se perde pelo excesso de explicações depois) e o jovem resistente que mente pra tia. Não dá muito pra avaliar as atuações, pois são em polaco, russo e alemão, mas algumas me chamaram a atenção: Andrzej Chyra (tenente Jerzy), Artur Zmijewski (Andrzej), Maja Komorowska (Mãe de Andrzej) e Jan Englert (general). A personagem Anna (MajaOstaszewska ), passa o filme todo com o mesmo aspecto belo e jovial, ao final não vemos em sua personagem as marcas do drama que viveu, nem dos anos que passaram, ao contrário de sua sogra, e de Jerzy, a meu ver o grande personagem e a grande atuação do filme.



Muito boa a primeira cena, em que os poloneses em ambos lados da ponte, Não sabem pra onde fugir, de uma lado os alemães, de outro os soviéticos.

O roteiro se perde, após o suicídio de Jerzy (o clímax dramático), se estende por mais uns vinte minutos, comprovando a culpa dos soviéticos, nem era necessário, pois o tiro que Jerzy dispara contra a própria cabeça, é a cena mais forte dessa comprovação em termos dramáticos.

O pior pra mim é a ingenuidade do cast de colocar os atores bonitões para fazerem os oficiais e esposas polacas , os gordões para os oficiais russos e os com cara de loucos fanáticos pra viverem os nazistas. Outra péssima, a cena em que a ex-empregada vai visitar a ex-patroa (bela e com caráter firme, como uma esposa de general polonês deve ser) e seu marido, arrogante e grosseiro a recrimina por se mostrar ainda subserviente. Me lembra a cena de "O vento Levou" em que após a guerra, os veterano confederados, esfarrapados e famintos, pedem ajuda (falam em irmandade após a guerra)a um negro, gordo, arrogante e rico... (escrota a mensagem, né gente?)



Fui assistir ao filme, torcendo pra que os soviéticos não tivessem "tanta" culpa assim. Mas não tem jeito não, pode até ser mentira, mas que aconteceu, aconteceu. Há uma concepção monstruosa, de que uma revolução deve eliminar (matar) 20% da população, que seria o núcleo duro de resistência às transformações que a revolução pretende. Parece que o stalinismo era adepto disso e de forma radical.


Todas as soluções anti-democráticas geraram coisas assim ao longo da história da humanidade. Como disse Obama: Não precisamos fazer a falsa opção entre nossos princípios e nossa segurança. Nos cabe agora desenvolver na semente de nossos princípios o respeito ã vida humana, as individualidades, opiniões, e etc.

Os processos revolucionários são inerentes à história humana. Não posso concluir que um dia ocorrerá a revolução comunista, ou operária... Mas que as relações mudam constantemente, sem dúvidas. Não há como, e a história não chegou, nem chegará tão cedo ao seu fim.



@cajuínas

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