quinta-feira, 30 de abril de 2009

Rapidinhas





Saiu no Globo hoje, que cientistas de Seul criaram cães da raça Beagle transgênicos. Os snoopys tiveram gens de algas inseridos em seu DNA, portanto brilham sob luz ultra-violeta. Gente sou só eu ou vocês também acham isso muito louco?!








Dois torcedores discutindo sobre a final Flamengo X Botafogo de domingo próximo. Um gaiato (como diria o Ancelmo) afirma: As chances do Flamengo aumentaram muito. Cuca foi suspenso!!





Como flamenguista, me sinto autorizado a lamentar a atitude selvagem de Juan. Futebol é alegria. Temos que valorizar os craques e as jogadas bonitas. Juan é um bom jogador, mas deixou o ego subir à cabeça. Viva o drible, viva a alegria, a irreverência, viva o futebol!!!






@cajuínas

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Desejamos melhoras à Dilma. Mas a maior doença é da permanência do poder

Desejamos de coração que a ministra Dilma Rousseff consiga curar-se. Feio é utilizar sua doença em campanha. A favor ou contra.


Há no Brasil a perspectiva da perpetuação do poder, seja se reelegendo, ou elegendo o seu sucessor, quando o ideal democrático é justamente a alternância do poder. O cáculo do presidente é claro, elege o sucessor, volta depois de quatro anos e fica mais oito, totalizaria vinte anos de poder. Qual diferença das repúblicas das bananas que tanto os americanos tachavam e nos ofendia?


Este projeto não é só petista, assim pensavam os tucanos, como refletia o Sérgio Motta, assim pensaram os militares golpistas de 64, assim foi com Getúlio e por aí vai.



Cabe pro bem da democracia o arejamento do poder, assim como a garantia de representação da oposição e das várias minorias na vida pública e no parlamento.


Hoje (dia 30) no intervalo do Jornal Nacional, entrará no ar o programa do PPS, como venho anunciando, e que nós produzimos aqui na Ópera Prima. O conceito é o de que devemos acreditar na política e que está na hora de mudar, mas mudar a postura. A nossa postura com relação à política e o jogo político. Claro que a eleição do Obama nos influenciou muito, principalmente com relação ao sentimento de esperança, que foi tão tocado em 2002. O mote é: Sem mudança, não há esperança. Tema do XVI congresso do partido.


Para a discussão trouxemos o povo para o programa, e portanto gravamos em vários pontos de aglomeração popular, vários dias diferentes pra sentir o que as pessoas querem dizer.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Che ou Tex?


Che (Steven Sondenberg) na verdade transforma o herói revolucionário (gente eu também sou fã do cara, sempre tive buttons, quadros e etc.) num ícone americano de herói. É quase o John Wayne (confesso que apesar de matar índios e vietnamitas, eu adoro seus filmes): mal humorado, ranzinza, trata mal os novatos, mas no fundo os adora, firme, sem medo, e não come ninguém (a menina dá mole pra ele descaradamente, né? Tudo bem, no dois eles casam, ufa).

Engraçado, pois justamente contra a visão americana é que Che lutou. Mas tudo bem, de revolucionário odiado a modelo internacional (afinal Che hoje vende roupas e buttons em lojas chiques de todo o mundo) foi um caminho natural do capitalismo vitorioso.


Del Toro faz um excelente trabalho, tanto em sua caracterização quanto em sua composição, sua respiração, seu olhar (não tenho como avaliar o sotaque), ações físicas e principalmente sua maneira de andar. (detalhe para a metralhadora Browning e para a M1 que ele utiliza, armas americanas da segunda guerra mundial)

Fidel (Deminán Bichir) está um pouco exagerado, como se estivesse sempre discursando, mas talvez ele seja assim na vida real. Camilo Cienfuego (Santiago Cabrera) é um ranger daqueles comuns em filmes do Wayne, estilo engraçado, e sua caracterização é quase a de um confederado da guerra de sessão americana. Santoro cumpre bem seu papel.



O filme em si é quase um bang-bang com tiroteios, explosões, descarrilamento de trem, mortes, etc. Interessante a mistura de formatos de captação e pra quem se interessa, a nova sensação do mercado de câmeras (RED) é utilizada. A fotografia, como sempre em Sondenberg, é um prazer a mais, predominantemente de tons quentes, e misturando o preto e branco carregado na granulação. Trabalha mais em planos médios e americanos reforça a estética dos bang-bangues). Quanto à sonorização deixa um pouco a desejar, claro que é bem feita, mas nada além disso. Há a cena em que Che e Aleida (Catalina Sandino Moreno) vem caminhando à noite e está fora de sincronismo labial.


Revolução.

É óbvio que a revolução cubana foi um avanço. É óbvio que todos torcemos por eles contra os yankees. Mas diz a sabedoria de povos primitivos ou indígenas, que o líder guerreiro não deve ser o mesmo líder civil (chato admitir, mas os americanos sabem disso.) No filme percebe-se que as decisões de Fidel, por mais acertadas que sejam, são arbitrárias e incontestáveis, sem nenhuma discussão democrática ou o que seja. Claro, eles estavam em guerra, não há tempo pra isso. Mas após a vitória, já era tempo de este estado bélico mudar.

Estive em Cuba em 2007 para dirigir um documentário para a Ópera Prima. Belíssimo país, mas ainda pré-industrial. Seu principal produto é o charuto (manufatureiro), já que a cana perdeu a competição para a brasileira. O Turismo pode ser a grande saída. Che é herói. Chavez o novo melhor amigo. Contam que Fidel é imorrível. Fui testemunha de um diálogo entre uma brasileira e um cubano, ela perguntou sobre a liberdade em Cuba, e ele respondeu: É um drinque!





Esperto foi o Obama, ao invés de apontar rifles, vai mandar dinheiro, abrir aos poucos as relações comerciais e deixar que o capitalismo resolva, com sua dinâmica de consumo, tecnológica, de relações e etc.



@cajuínas

domingo, 26 de abril de 2009

A farra das passagens e a crise de representação

Sempre que há uma crise como essa das passagens, envolvendo o Congresso Nacional, paira o medo de que algum aventureiro lance mão de propostas populistas e tente "chavear" a democracia brasileira.

A população brasileira hoje, tem um sentimento de não se sentir representada pelo Congresso, apesar do processo eleitoral ser amplamente aceito e aprovado.

Michel Temer acerta quando diz que o Congresso não é cliente dos veículos de comunicação.

Claro que não é só esse o problema, mas a publicidade por parte dos poderes é um direito do cidadão e um dever dos mesmos poderes (os executivos já se utilizam da publicidade amplamente).

Os vários parlamentos do Brasil têm de começar a apresentar pra sociedade seu trabalho, tanto daquilo que já realizou (leis, CPIs, etc.) como das discussões em pauta (avisando ou convocando pras discussões do orçamento, das sub-comissões, dos projetos, das votações).

A melhor forma de se fazer isso, é através da contratação por licitação de agências publicitárias, que conseguem dar uma linguagem apropriada na comunicação com a população. Não basta a tv câmara ou correspondentes, é preciso anunciar nos jornais, tvs, rádios e etc., através de peças publicitárias, dar conta do que se produziu e do que está se produzindo.

Já até visualizo a assinatura: Venha para o Congresso, afinal a casa é sua!








@cajuínas

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Se avalia a importância de alguém, pelos seus inimigos. Ok, compramos briga com o governo federal!



O presidente nacional do PT (Ricardo Berzoini) entrou na justiça contra o PPS por ter espinafrado a onda do governo de mudar as regras da poupança. É muito simples se o governo não quer que se criem alardes, basta apresentar à sociedade suas propostas e discuti-las.

Na iserção comercial do PPS (às quais nós produzimos aqui na Ópera Prima, assim como ao programa nacional), o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) alertou que o governo vai mexer na poupança, pois eu digo: NA POUPANÇA, NÃO!

Parece que foi tiro certo, ta dando o que falar. É bom saber que nós, meros produtores de tv e cinema, influímos assim na politica do país. Agora o governo tá nas cordas, vai ter que explicar direitinho o que pretende fazer, e mais, não vai achar que as coisas vão acontecer desapercebidas.

Lula se irritou(leia a matéria).

O próprio presidente em Itambira(GO), deu uma declaração irritada. Não se irrite presidente, apresente sua proposta à sociedade, há os canais institucionais para isso, ou seja o parlamento. É lá que através do debate público podemos definir em conjunto as políticas mais apropriadas para o momento econômico que vivemos.

Se eu fosse o senhor, então nem assistiria ao programa nacional do PPS que vai ao ar no próximo dia 30 (intervalo do Jornal Nacional). Vai se irritar mais ainda.






@cajuínas

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Lançamento dos filmes da Óficina

Tem gente que critica e gente que faz. Aqui a gente critica, mas também faz. Convido a todos para assistirem (sábado dia 25 de abril, 19:30, detalhes no convite abaixo) ao lançamento da primeira leva de filmes da oficina de cinema a qual tenho o prazer e o orgulho de coordenar. Primeira turma, sabe como é...

Detalhes no convite, o lançamento é de graça, mas quem levar o convite impresso ganha desconto.










@cajuínas

O Dia D, pra quem gosta de história e boa leitura.


O Dia D (Stephen E. Ambrose, ed.Bertrand Brasil) é um ótimo livro sobre essa batalha que foi a maior invasão anfíbia da história (tudo bem, eu também acho que Stalingrado foi a mais importante de todas, mas o Dia D não deixa de ser foda...). Ambrose consegue abordar desde as macro-condições geo-político-militares-estratégicas, até as pequenas situações humanas, seguindo o personagens reais, do comandante Ike, até o soldado em combate.

Interessante a tese de Ambrose, havia a falsa idéia entre os comandantes nazistas de que o soldado alemão, disciplinado em um regime forte e autoritário, seria mais apto à guerra, mais firme e cumpriria as ordens sem contestar e portanto com mais coragem. O que ocorreu foi justamente ao contrário, os jovens soldados, produtos das democracias ocidentais, em combate mostraram muita coragem e mais, possuíam mais iniciativa e capacidade de improvisação, já que após o começo da batalha, os planos têm que se modificar, e os jovens aliados não se sentiam pressionados a esperar uma decisão do alto comando. Inversamente aos alemães, que não contavam com seu comandante direto, Rommel (ia de carro visitar a família na Alemanha), e não puderam utilizar de pronto suas divisões panzer, pois Hitler dormia, e ninguém tinha coragem de acordá-lo, ou dar a ordem de utilizar as divisões panzer sem sua autorização, horas preciosas foram perdidas.


História Oral

O livro utiliza tanto documentações primárias e secundárias, como o relato dos sobreviventes, numa linha controversa que é a da história oral. Revela informações surpreendentes, como a da captura de soldados coreanos, servindo aos alemães.

Interessantíssimo.




@cajuínas

terça-feira, 21 de abril de 2009

Bossapontes


Vale referência essa releitura da bossa-nova (rítmica e de postura musical) que Roberto Pontes faz. Seu site no myspace já foi ouvido por mais de 75 mil vezes. Recomendo Lobo Bobo(Carlos Lyra), e tem um video clip no youtube. Quem quiser ouvir bossa sem aquele jeito mauricinho, vale.



@cajuínas

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Somalia (reepublicando)

Que loucura esse negócio todo desses piratas nas costas da Somália, hein? Quem tá torcendo para que os EUA mandem sua frota naval com os marines e aviões pra lá resolver o problema, não tenha vergonha, pode levantar a mão!

Horrível admitir isso, né? Tudo bem, dessa vez é o Obama, não precisamos nos rebaixar para pedir nada ao Bush...




@cajuínas

domingo, 19 de abril de 2009

Tony Manero não, maneiríssimo!


Acabei de assistir a Tony Manero (de Pablo Larraín), excelente filme de co-produção Brasil-chilena. Tolo que sou, pensava que assistiria a um filme sobre um fã de John Travolta. Na verdade o filme é sobre um personagem obcecado, psicopata, indiferente às pessoas e aos que o cercam, que vive em meio à ditadura militar chilena e com ela se confunde, sem tomar parte no processo.


Mas o que tem haver uma coisa com outra?

O personagem Raúl (Alfredo Castro) representa o próprio Chile naquele momento bestial. Buscando o modelo econômico americano, dentro de uma realidade política ditatorial, acaba se tornando uma cópia patética (tanto no sentido grego, quanto no disneylândico-rsrsrs) do original, no caso de Raúl, de Tony Manero. Sua obsessão não leva em conta nada, nem ninguém, por isso mata e caga para os outros (caga literalmente, é preciso assistir pra entender). Autoritário, toma suas decisões sem levar em conta o grupo, que o segue inquestionavelmente, o que nos parece inacreditável. Sua incapacidade de fazer sexo é simbólica. Em mais uma crítica ao regime, perde o concurso em uma decisão arbitrária do apresentador, onde Raúl não tem o menor poder de participar ou mudar o resultado. A cena final é maravilhosa, digna de Hitchcock.


Alfredo, um ator e tanto.

Alfredo Castro constrói um personagem espetacular, de olhar distante, cada vez mais alucinado, sem nunca se tornar over. Fala pouco, mas suas expressões levam o espectador a tirar conclusões e construir o personagem junto, com cumplicidade. Criou uma linguagem corporal, a barba mal feita, e principalmente, trabalha seu olhar como se fosse uma técnica de ponto de interesse, ou seja pra onde está seu foco de visão, nos direciona para a construção dramática do filme. Seu trabalho de respiração merece atenção, sua decupagem de texto idem. Nuca responde de pronto, mas na respiração correta, com sua codificação de olhar, ação física e principalmente, com entendimento especial do texto sempre curto. (atores vamos começar a ler!)


Fotografia (Sergio Armstrong).

Escreve sua história junto ao filme, trabalha com pouca saturação de cor (ao contrário de Embalos...) pouca luminância, sempre mantendo Raúl na penumbra. Fotografado em super 16, optaram por pouca luz, câmera na mão, e principalmente o uso do desfoque como instrumento de ação dramática. Planos de preferência fechados, em closes de rosto, dando ao espectador o prazer de acompanhar o melhor do filme, a atuação de Alfredo. Contrapõe-se assim a Spielberg, quando este afirma que uma palavra vale milhões em efeitos especiais e afirma: uma expressão vale milhares de palavras e bilhões em efeitos fx.

Edição (Andrea Chignoli )

Perfeita, descontinuada, dentro de uma mesma cena, corta abruptamente deformando o tempo e mudando a localização espacial dos atores. Brinca com o público, na cena do concurso em certo momento apresenta o take de Raúl parado, olhar vago, como se aquela dança não estivesse acontecendo, e nos deixa nessa dúvida até o fim da cena.



Sonorização (Miguel Hormazábal )

Bela sonorização descritiva, mas a sonorização crítica é que vale referência. Chamo a atenção para a cena em que a polícia mata um militante, e o som do tiro se harmoniza com o do trem (a cena é oculta), e a cena em que Raúl tenta fazer sexo com Paulli (Paola Lattus), acabam se masturbando, a sonoplastia é vigorosa. Outra cena, quando Raúl declama as falas em inglês do filme, e ao fundo há o som de pessoas comendo.

Filme.

Baixo orçamento, mas ótimo, obscuro, ousado, surpreendente. Representa bem a sociedade chilena, com os seus jovens militantes em conflito contra a classe média baixa apoiando o regime. Usa as cenas de sexo sem apelativos, e muito bem, dentro do contexto dramático. Consegue mostrar um boquete e um personagem cagando sem ser esdrúxulo. Há uma cena em que Raúl toma banho e um menino deixa cair o leite, simbólico, já que o leite para os trabalhadores, era uma bandeira de Allende.


A direção.

Impecável, nas cenas de homicídio e violência, mantém a mesma seriedade e envolvimento dramático das cenas de sexo e de escatologia. Bela direção de atores, belas marcações de cena e de câmera, sem se deixar levar pela virtuose, mas a serviço da dramaticidade.


Quando perguntam pra Raúl sua profissão, ele responde sempre: Isso. Mas isso o que? Talvez seja pergunta que se faz ao próprio chileno da época. Tem que ver pra responder.




@cajuínas

Katyn, tema fundamental, filme medíocre.

O filme tem seus valores (dir. Andrzej Wajda) , a fotografia em tons quente (destaco a cena do trem pegando os prisioneiros poloneses e da igreja/prisão com a neve caindo). Edição acertada, sutilezas no roteiro, como o rosário (que se perde pelo excesso de explicações depois) e o jovem resistente que mente pra tia. Não dá muito pra avaliar as atuações, pois são em polaco, russo e alemão, mas algumas me chamaram a atenção: Andrzej Chyra (tenente Jerzy), Artur Zmijewski (Andrzej), Maja Komorowska (Mãe de Andrzej) e Jan Englert (general). A personagem Anna (MajaOstaszewska ), passa o filme todo com o mesmo aspecto belo e jovial, ao final não vemos em sua personagem as marcas do drama que viveu, nem dos anos que passaram, ao contrário de sua sogra, e de Jerzy, a meu ver o grande personagem e a grande atuação do filme.



Muito boa a primeira cena, em que os poloneses em ambos lados da ponte, Não sabem pra onde fugir, de uma lado os alemães, de outro os soviéticos.

O roteiro se perde, após o suicídio de Jerzy (o clímax dramático), se estende por mais uns vinte minutos, comprovando a culpa dos soviéticos, nem era necessário, pois o tiro que Jerzy dispara contra a própria cabeça, é a cena mais forte dessa comprovação em termos dramáticos.

O pior pra mim é a ingenuidade do cast de colocar os atores bonitões para fazerem os oficiais e esposas polacas , os gordões para os oficiais russos e os com cara de loucos fanáticos pra viverem os nazistas. Outra péssima, a cena em que a ex-empregada vai visitar a ex-patroa (bela e com caráter firme, como uma esposa de general polonês deve ser) e seu marido, arrogante e grosseiro a recrimina por se mostrar ainda subserviente. Me lembra a cena de "O vento Levou" em que após a guerra, os veterano confederados, esfarrapados e famintos, pedem ajuda (falam em irmandade após a guerra)a um negro, gordo, arrogante e rico... (escrota a mensagem, né gente?)



Fui assistir ao filme, torcendo pra que os soviéticos não tivessem "tanta" culpa assim. Mas não tem jeito não, pode até ser mentira, mas que aconteceu, aconteceu. Há uma concepção monstruosa, de que uma revolução deve eliminar (matar) 20% da população, que seria o núcleo duro de resistência às transformações que a revolução pretende. Parece que o stalinismo era adepto disso e de forma radical.


Todas as soluções anti-democráticas geraram coisas assim ao longo da história da humanidade. Como disse Obama: Não precisamos fazer a falsa opção entre nossos princípios e nossa segurança. Nos cabe agora desenvolver na semente de nossos princípios o respeito ã vida humana, as individualidades, opiniões, e etc.

Os processos revolucionários são inerentes à história humana. Não posso concluir que um dia ocorrerá a revolução comunista, ou operária... Mas que as relações mudam constantemente, sem dúvidas. Não há como, e a história não chegou, nem chegará tão cedo ao seu fim.



@cajuínas

Polícia é que nem criança, quando tá longe faz falta, quando tá perto incomoda. (repercussões)

O artigo gerou boas discussões. Seguem dois e-mails, um enviado por um policial civil e outro por um oficial da PM (ambos me autorizaram a publicação).

Acho interessante trazer pra fora de minha instituição (Polícia Civil) tais problemas. Meu amigo Paulo é um apaixonado pelo assunto referente a Segurança Pública. Acho que isso não é uma questão de lavar roupa suja, mas sim de dar ao cidadão o direito de saber o que realmente acontece nos bastidores da Segurança Pública do Estado do RJ, e com isso saberem como pensar em relação aos fatos que acontecem a sua volta, até para se defenderem e não serem enganados por políticos mentirosos!
O problema maior é que os policiais ganham muito mal, e, tem de haver compensações para eles pensarem mais de uma vez em se corromper. Não basta só punir, tem de compensar financeiramente, todos esses policiais que dão suas vidas, suas folgas e sua coragem, (alguns, infelizmente até suas vidas) em troca de um soldo esdrúxulo. Estes policiais que não respondem a inquéritos por enriquecimento ilícito, extorsão, e outros tantos mais. Que não possuem mansões ou carros incoerentes com o salário recebido.
Se a segurança pública é tão importante, por que não pagamos aos nossos policiais salários dignos? Por que não criamos um programa de treinamento mais eficiente, ao invés de "pagar" a conta de uma "FORÇA NACIONAL" (formada em sua grande maioria por Bombeiros e Policiais Militares de outros estados) que para nada serve? Se o Governo não tem dinheiro para remunerar bem quem é importante, para que teria dinheiro?
Para aumentar o número de policiais em serviço, basta oferecer melhores salários. Não é necessário novo Concurso Público. Com melhores salários a maioria dos policiais largaria seus "bicos" e trabalharia em disponibilidade integral. Haveriam mais prisões, maiores resultados nas estatísticas policiais ...
Acho que isso não deve interessar a todos. Existem muitas pessoas que precisam (ou ganham com isso) de uma Polícia ineficiente, insatisfeita, e ignorante!

Alberto, policial civil.



Siqueira, como vai?
Está muito bom o seu artigo. Pequenas considerações devem ser feitas, mas não serão acatadas pela maioria porque é uma questão cultural como sempre falei.
Exemplo:
Existem Psicólogos na PMERJ deste de junho de 1976. Atentou? 1976 (hum mil novecentos e setenta e seis).
Trabalhavam com pacientes com estresse funcional, em virtude de situações pós traumáticas, Além de outros tipos de atendimentos.
Exemplos:
Policiais reféns em casa de custódia e outros problemas. Na prática eram encaminhados para o serviço de Psicologia no HCPM pelos comandantes, porque o fato saia na mídia e o policial se recusava a voltar ao trabalho. Na terceira ou quarta consulta desapareciam alegando impedimento por parte do Comando do batalhão. Na folga deles jamais. É cultural infelizmente a Polícia no Brasil não acredita em Psicólogo.
Quando Comandei o BOPE em 1997, e depois em 2002, tentei fazer um trabalho sobre estresse. Não vingou porque os oficiais e praças não compareciam as palestras. Só quando obrigados por mim. Evidentemente não deu certo. Digo isso de cadeira porque tentei e havia interesse tanto meu como das Psicólogas, uma vez que minha própria mulher era a Chefe do Serviço de Psicologia da PMERJ. Hoje a PMERJ conta com mais de 60 Psicólogos. Nenhum faz o trabalho. Ninguém malha em ferro frio.
Com relação a instrução de tiro também assino embaixo. alegam não terem munição e não terem instrução. MENTIRA. Sempre teve munição, não há interesse da tropa.
Quanto a ganhar mais, fiz um trabalho no BOPE, questionando se fossem aumentados se largariam a segurança. Todos em princípio disseram que sim, mas em seguida vislumbraram que na segurança sempre se ganha mais do que na Polícia. Portanto esta medida só valorizaria a segurança. Ninguém a abandonaria, uma vez que se ganhassem 10.000,00 reais por mês na Polícia a segurança teria que pagar 15.000,00 ou 20.000,00 por mês.
Também não deu certo.
Como vê é cultural.
O policial saiu do povo. O mesmo que elegeu o LULA e vai eleger a DILMA. É povão.
Cada povo tem a policia que merece
Espero ter ajudado
Forte abraço
Meinicke


Para ler o artigo original: Polícia é que nem criança, quando tá longe faz falta, quando tá perto incomoda.

sábado, 18 de abril de 2009

Milk- Uma questão de cidadania.


Alguém desavisado pode acreditar que o filme Milk, de Gus Van Sant, é um filme sobre a luta dos direitos dos homossexuais nos EUA. Mas é mais que isso, é um filme sobre os direitos civis e os princípios que regem a democracia norte-americana e por conseguinte, boa parte das democracias mundiais, inclusive a nossa.

O filme é correto, a mistura de bitolas, a fotografia tendendo para os tons frios. Errou a mão na direção musical. Atuações interessantíssimas. Sean Penn levou o oscar (além de vários outros prêmios), e realmente fez um trabalho de pesquisa muito bom para compor seu personagem, mas lhe faltou coragem nas cenas de beijo (se vai fazer, faz direito, né?), observem a cena em que eles ganham a votação da lei, a comemoração de Milk é um brinde ao espectador. Destaco: James Franco, seu personagem amadurece à nossa frente ao longo do filme, além de compor uma homossexual sem afetações. Denis O'hare que faz o senador Briggs.

Interessante a opção de usar as imagens reias de época para a personagem de Anna (utilizaram a personagem real). O filme vale mais pelo tema, preferi Paranoid Park. Duro foi ouvir Milk gritando: América, ame-a ou deixe-a! Mas tudo bem, os conceitos de uma sociedade democrática foram bem discutidos. Vale assinalar que nos EUA, o país guardião da democracia mundial, os cidadãos pra conseguirem valer seus direitos, têm que se mobilizar e lutar, e a porrada come solta.

A cena em que Milk coloca um terno pra disputar mais uma campanha, até lembra o Lula paz e amor, e na verdade é isso, para vencermos com nossos ideais, precisamos sair do gueto e nos alinharmos com a a sociedade, isso não significa abandoná-los, nem fazer concessão, pelo contrário, universalizar-los e discuti-los, mesmo que percamos.

E eu com isso?

Em certo momento, os homossexuais se unem aos caminhoeiros (legal, né?) e fazem um bloqueio econômico a uma empresa.

Hum... será que dá certo? É bem provável, né?



O próximo programa nacional (dia 30 de abril) do PPS, o qual tenho o orgulho de dirigir, em conjunto com o Aderson Lago, vai trabalhar em cima desse tema: Apesar de tudo, é através da política que encontraremos a saída para o Brasil. Mas de uma política com a participação e mobilização da sociedade. O conceito é de Cláudio Barretto, e foi desenvolvido por Paulo Buffara e Márcio Allemand.

Em tempo: Sean Penn, o ex pitboy de Hollywood, foi um dos primeiros astros a denunciar a política de George Bush filho, e a guerra do Iraque como um crime, pedindo inclusive publicamente, a sua prisão.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Polícia é que nem criança, quando tá longe faz falta, quando tá perto incomoda.



Segurança pública é que nem futebol, cada um tem a sua solução. Mas não há nenhuma que não passe pela polícia e o policial. Realmente só com a polícia ou ações repressivas não se resolve o problema das drogas, nem da criminalidade, mas é o policial quem vai enfrentar o criminoso. É o policial quem vai pegar a arma e entrar num ambiente hostil, com criminosos bem armados, buscar aqueles que ameaçam a nossa família, que arrastam nosso filho, que baleiam a nossa filha, vendem crack pra crianças, estupram, sequestram, matam... ou algum de nós se propõe a enfrentá-los? Ir lá buscar as milhares de armas espalhadas pelas cidades e prender os criminosos?


Polícia do MAL

Nós temos a polícia do mal: mal selecionada, mal treinada (exceto algumas unidades de elite), mal remunerada, mal equipada, mal empregada, mal assistida, mal vista, mal compreendida. Há um ressentimento muito grande entre os policiais quanto à sociedade e ao governo e principalmente aos grupos defensores dos direitos humanos (tá na hora de estabelecermos contatos e nos reaproximarmos). Hoje há várias ONGs trabalhando em áreas de risco social, disputando contra o crime organizado, como diz Luiz Eduardo Soares, criança a criança. Não devemos fazer o mesmo com os policiais, disputar um a um contra a corrupção ou a violência desproporcional? Lemos nos jornais todos os dias que a operação policial contou com 150 policias, que enfrentaram mais de 200 criminosos de tal facção. Gente isso não é operação policial, é batalha. Há policiais que apresentam estresses de veteranos de guerras. São seres humanos, né? Não dá pra botar um sujeito numa troca intensa de tiros, onde ele mata alguém e não dar nenhum suporte psicológico ( alguém acha que ele não sente muito medo? Se não sente, o seu estado psicológico é pior), ao contrário manda ele de volta às ruas, sem descanso, pausa ou o que seja.


O que é segurança?

Pra nós, cidadãos comuns, é termos viaturas da polícia passando de cima pra baixo em nosso bairro. Não dá pra ter um policial em cada esquina, mas podemos ter patrulhamento ostensivo com qualidade. Então devemos encarar a questão, o efetivo policial no Rio deve pelo menos triplicar, e o salário também. Agora, quanto custa isso? É preciso apresentar a conta pra sociedade, para que possamos discutir: o que vamos ter que abrir mão pra tal? Algumas obras? Escola? Hospital? Saneamento? Porque o cobertor é curto e não adianta ficar cobrando do governo, sem sabermos do que estamos falando.


Turistas

Assalto a turistas é muita falta de cuidado. Claro que ninguém deve ser assaltado, mas a área em que os turistas transitam é mínima, entre o Leblon e o MAM, incluindo aí, paineiras, Rio Branco e seus Museus, Santa Tereza e linha vermelha. Dá pra patrulhar direito, né? E a repercussão é péssima, afentando a indústria turística e etc.



Repressão

Gato escaldado tem medo de água fria, devido aos anos de ditadura e repressão política, há uma grande desconfiança da sociedade em relação às polícias. Mas elas seguem as orientações sociais e governamentais, se conversarmos com policiais em off, eles nos dirão que altas autoridades estimulam o extermínio, as mesmas que depois os chamam de imbecis, quando eles executam "a pessoa errada". Qualquer política de combate à criminalidade deve levar em conta um tripé: educação, oportunidade (não adianta dar escola se depois não tem empregos, ou com salários ridículos, deve-se gerar oportunidades) e repressão.


Drogas

Claro que o combate as drogas como aí se apresenta é ineficiente. Mas também não vamos achar que a simples legalização vai resolver tudo. Ou alguém acha que os criminosos dessas facções, com a legalização, vão dizer: É, acabou. E entregar as armas?

Hoje em dia se lucra com as drogas, como já foi o jogo do bicho, ou as maquininhas, proteção e etc. Também, por mais que se legalize, ninguém pode ser a favor de crianças de doze anos fumando crack. Necessariamente tem que haver algum controle social.

Engraçado que com essa crise global onde se coloca em cheque as relações de mercado, se defenda pura e simplesmente o neo-liberalismo na questão das drogas.




@cajuínas

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quebraram o braço do Rambo


Ancelmo Gois em sua coluna avisou: Stalone/mercenário quebrou o braço em uma cena de ação. Eu bem que tinha me colocado à disposição da equipe dele se precisassem de um doublê, não me deram ouvidos, taí o resultado.

Semana passada a Dani Pereira entrou em minha sala apressada, a produção do filme tenha pedido ao meio dia pra que as três da tarde se encontrassem com o Stalone/Rocky cinco grandes campeões brasileiros de vale-tudo, entre eles: Minotauro, Macaco, Lyoto... Avisei logo, acho que não estão no Rio, não. Realmente não estavam. Mas na segunda a Dani me avisou que ela e a Rosa Fernandes tinham conseguido levar um time de lutadores, entre eles os gêmeos da pesada, Minotouro, Minotauro. No dia seguinte o Stalone/Cobra apareceu com o braço quebrado...

Hum...

Mais sobre Stalone no Brasil em: http://cajuinas.blogspot.com/2009/04/stalone-esta-no-brasil.html



@cajuínas

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Comercialda Caixa Econômica Federal - Família Amorim (Amauri)


Parabéns à Fisher América pela criação (Flavio Casarotti e Pedro Cappeletti) deste comercial (Sentimental Filmes). O conceito é interessante: Uma família real, que passou por uma situação real e conhecida por todos (saiu no fantástico), valida uma informação real e sabida por todos (os juros mais baixos do mercado- desculpem-me o merchan gratuito mas é verdade).


É bom ver, pra variar, um comercial sem super-modelos, nada contra, mas é bom observar a multiplicidade de possibilidades, e ver rostos comuns de pessoas comuns. Fotografia fria, mais natural e a cena final em que a família posa como para uma foto com a assinatura musical em sincronia, a câmera vai pra mão do operador e faz zoom, o que dá um tom informal e familiar.

O resultados têm sidos ótimos pelo que eu soube.

Pra Ana Campos um beijão, tinha que ser o atendimento da conta, se vê pela simpatia e boa vontade.






@cajuínas

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Lendo O Leitor, trocadilho previsível mas o filme é ótimo.



Excelente filme do diretor Stephen Daldry, atuações maravilhosas, destaques para Kate Winslet (vencedora do oscar 2009) que compôs uma personagem com olhar duro, desconfiado, e principalmente, frio, a não ser nos momentos em que ouvia as leituras dos livros, quando então se iluminava com um brilho emocionado. Ralph Fiennes compõe também um personagem maravilhoso, distante, formal, interessante observar sua postura corporal na cenas de maior emoção para o seu personagem (na prisão com Hanna, e em NY com Rose Mather), Fiennes criou uma postura corporal com o lado direito do corpo caído, cheio de culpa, tenso. Devemos abstrair os sotaques britânicos dos atores, mas gente isso é frescura, né?!



Destaques também para Matthias Habich (que faz o pai do herói), atores! Observem como uma atuação magistral e marcante pode ser obtida de um personagem que só aparece nas cenas do jantar em família, e que quase não possui fala, mas quando a tem, a utiliza dentro de toda uma codificação de olhar, respiração, e intenção. Outro destaque é o professor, segundo pai do herói, vivido pelo Bruno Ganz, com seu tom um tanto tenso/contido, depois entendemos que foi prisioneiro de um campo de concentração, e mantém sutilmente um olhar e respiração marcados pela loucura que viveu.



Consegue abordar temas como a iniciação sexual, o amor à literatura, o amadurecimento, a dificuldade do relacionamento em família, o desgaste de uma relação amorosa, a juventude alemã do pós-guerra, a liberação sexual nos anos 60, a relação pai/filhos, o divórcio, a Alemanha pós-guerra, a vida do proletário, o holocausto, a participação das grandes empresas alemãs na mostruosidade nazista, os julgamentos, e principalmente a culpa de todo um povo confrontando seu passado, onde todos fingem não saber o que houve, mas em verdade todos participaram.


O roteiro (David Hare)

Muito bem elaborado, consegue nos cativar, e não se torna enfadonho em nenhum momento, nem mesmo nos debates na universidade, quando se discute os conceitos filosóficos de lei versus moralidade. Traz perguntas cujas as respostas não são dadas, mas o espectador conclui, e se torna agente ativo da discussão. Há sutilezas, como quando Michael pergunta a Hanna se ela reflete sobre passado, e ela pensa que ele se refere aos dois, vinte anos atrás, mas na verdade ele questiona sobre a sua participação nas SS. Ou seja, mesmo julgada e condenada, ela não se sente culpada, claro que não meu caro Watson! Tudo fica bem claro quando o juiz lhe pergunta sobre a seleção diária das prisioneiras que deveriam ser mortas, resposta elementar, era uma questão de espaço, não cabiam todas e a ré ainda devolve sobre que ele teria feito, o silêncio do magistrado registra uma dura realidade, para muitos agentes dos campos de concentração, a eliminação dos seres humanos era uma questão de eficiência burocrática. Afinal, se alistar nas SS era apenas arranjar um emprego. Outra sutileza do roteiro que nos revela a todo momento as qualidades técnicas e empenho da personagem Hanna em tudo, no trabalho, no sexo, no lar, no cuidar do jovem amante, mas pasmem: é analfabeta. Detalhe que nos leva a torcer para ser sua janela escapatória à prisão, mas não, sua culpa permanece a mesma, e ela não a reconhece. Não reconhece nem a culpa, nem ser analfabeta, sua maior vergonha, o que exporia sua, na verdade, ineficiência. A todo momento vivemos através de Michael a aparente contradição entre o afeto pessoal e a repulsa à Hanna.



Uma aula, durante a maior parte do filme trabalha com tons frios (azul/verde) nos anos 90, onde Michael é um homem frio, em luta contra sua culpa, em contraposição aos tons quentes (vermelho/amarelo) da juventude ingênua dele. Durante o julgamento essa lógica desaparece, e o tom quente só volta na cena final, quando Michael enfrenta seu passado, revelando-o à filha. A primeira cena entre Hanna e Michael é impressionante, contrastada, rostos escuros. Belíssima a cena em que Michael vai buscar carvão. A todo momento, Menges/Deakins criam profundidade com tons avermelhados ao fundo, em janelas, cortinas, luzes. Câmera estabilizada, planos bem cuidados, belo trabalho com as teleobjetivas (a cena em que Hanna se despede de Michael, quando o deixa em casa, com a neve caindo e ele sobe a ladeira vale ser citada.)


Edição (Claire Simpson)

Maravilhosa. Editores! Vamos aprender a montar um filme com cortes secos, sem uso de recursos como wipes, fusões ou fades. Só notei uma fusão no filme, e dentro de uma mesma cena, quando Michael está lendo livros sem parar para mandar as fitas à prisão. A passagem de tempo se dá pelafotografia e uma legenda para nos situar histórico/temporalmente.


Sonorização (Blake Layh)

Espetacular. A cena em que Michael está jantando com a família e se lembra de sua primeira experiência sexual a evidencia, mas durante todo o filme ela está lá nos marcando a sua dramaticidade, seja através da trilha sonora, ou da codificação de sons nas várias etapas temporais e psicológicas que o filme retrata. Vale observar a cena em Michael já maduro dirige, a cena começa com a câmera mostrando o carro de fora, e os sons da rua prevalecem sobre a música que Michael escuta dentro do carro, a qual aumenta quando a câmera pula pra dentro do mesmo.






Pra quem gosta de história

a cena em que um colega de Michael discute com o professor a validade do julgamento e sua vontade de matar os réus, além da sua confissão (ele representa naquele momento o povo alemão) de que todos sabiam o que acontecia nos campos de extermínio, vale referência. Por vezes ficamos com a sensação de que alguns nazistas escaparam ao castigo merecido, e realmente há os que escaparam, mas não havia, também, como pegar todo mundo. Como condenar todo um povo, explodir bombas atômicas na Alemanha ou no Japão? Mas não tenhamos dúvidas de que o povo alemão pagou caro pelo nazismo, seu castigo foi um murro de ferro com a invasão soviético-aliada. Os bombardeios, a fome, as prisões no pós-guerra, as mortes aos milhões, os mutilados, os que tiveram que fugir, trabalhar para reconstruir os países ocupados, limpar os campos de concentração e etc. Quando vemos as cenas do julgamento, estamos sempre querendo ouvir as confissões de culpa, mas o filme nos responde: Não importa o que os nazistas sentiam ou pensavam, mas sim o que eles fizeram. Rase, a sobrevivente nos trás à luz: os campos de concentração não eram lugares para aprendermos coisas, valores morais, lições de vida ou em como nos tornarmos humanos melhores, mas apenas e somente campos de morte.


Apesar de o nazismo ter encontrado sua expressão máxima na Alemanha, não podemos esquecer que os presets da intolerância, do autoritarismo e do ódio a outros seres humanos (se ninguém tiver nada contra, vou considerar os judeus ou qualquer grupo identificável como de seres humanos, ok?) estavam espalhado por quase todos os países do mundo, em especial os europeus e até mesmo a União Soviética e os EUA. A segunda guerra mundial e toda sua matança foi quase que uma conseqüência natural dentro daquele universo de ódio armazenado durante séculos. Lembro a perseguição aos judeus, ciganos, comunistas (mesmo nas repúblicas soviéticas, vide os expurgos stalinistas), socialistas, progressistas, homossexuais (o parágrafo 175, lei anti-homossexual e que só caiu, pasmem, em 1979 na Alemanha Oriental), pacifistas, pagãos (religiões não cristãs) e etc. Dentre as tropas nazistas, inclusive as SS, contavam cidadãos de vários países como holandeses, espanhóis, franceses, russos, romenos, e etc., até mesmo coreanos (o que diabos eles estavam fazendo lá?) Esta semente de ódio persistiu após a guerra e vem até hoje, devemos lembrar entre tantas monstruosidades das manifestações racistas nos estádios de futebol europeus, as guerras na Indochina, na Indonésia, o massacre de Ruanda, onde as etnias Tutsi e Hutus, em verdade nem existem, mas foram invenções dos colonizadores europeus. No Brasil hoje se fala da culpa da crise econômica mundial estar associada a brancos de olhos azuis, e que as vítimas são negros, índios e mestiços. Não vou nem falar do perigo de tal pensamento, apenas gostaria que alguém apontasse entre os grupos citados ou não, algum que seja algo diferente de um ser humano.

@cajuínas

sábado, 11 de abril de 2009

Stalone está no Brasil!


Fudeu! Vai morrer todo mundo! (desculpem o palavrão, mas era o único jeito de expressar o que queria.)

Durante este mês de março foi o grande acontecimento do mundo cinematográfico no Rio de Janeiro. Aqui na Ópera Prima tivemos o prazer de acompanhar o processo seletivo do elenco local, produzido a todo vapor pela Divina Proviência (Rosa Fernandes e Dani Pereira) que foi feito em nossas instalações. Uma quantidade sem fim de atores e lindas atrizes/modelos passaram pelos nossos estúdios.

Roteiro (provável)

A todo momento alguém perguntava como seria o filme (The Expendables), arrisquei um palpite, eis a minha sinopse: Stalone, um ex-combatente de alguma(s) guerra(s) qualquer, tá lá vivendo a vida dele, quando é convocado por uma velho amigo que está formando um grupo "especial" para fazer alguma operação secreta em um país de governo autoritário, populista/esquerdista, da América Latina. Ele recusa porque já cansou desse tipo de coisa, e prefere continuar na "sua", vivendo a amargura de suas lembranças dos horrores que cometeu e dos amigos que perdeu. Mas eis que esse ditador latino se excede e mata ou sequestra alguém de quem ele gosta e então resolve agir. Fu...! (de novo não precisa, né?) Vem pra cá, mata todo mundo (nós) se apaixona por uma linda latina. Acaba com a raça do odiado ditador, mas não transa com a menina, já que o arquétipo do herói americano sempre ama platonicamente (não come ninguém), exemplos Superman, Batman, etc. Com certeza algum de seus amigos vai morrer (candidatos fortes: o personagem negro ou o chinês). Ah, tem também o chefe burocrata/cínico e frio que vai tentar atrapalhar toda a operação.


Apanhando do Stalone

Mas tudo bem, eu mesmo pedi à assistente de direção da a O2 (produtora anfritiã) para ser um dublê de alguma cena em que seria morto, imagina que máximo tomar um soco do Stalone, ou chute do Jet Li, quem sabe um tiro no meio de uma pirueta do Jasom Statham?

Esses dias ficamos todos na Ópera Prima em polvorosa, porque o próprio Stalone talvez viesse aqui ver na ilha de edição os testes, mas a chuva mudou seus planos. Tudo bem, estávamos todos contando em pedir um autógrafo ao Rocky, mas imagina se quem chega é o Rambo?






@cajuínas

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Frost/Nixon


Grata surpresa esse filme de Ron Howard. Interessante observar duas atuações de composição de personagem, tanto Frank Langella, que em nada lembra aqueles Zorro ou Drácula afetados, e Michael Sheen, o qual nem reconheci como o Lobisomen/Conan dessa bobagem de Anjos da Noite (Rise of the lycans).

Langella-Nixon construiu um personagem espetacular, criou um andar, uma postura corporal, sua maneira de falar, a maquiagem, o cabelo, e principalmente o olhar. Este olhar quase o traiu, e aí me pareceu interferência da direção, na cena em que na primeira pergunta, sobre o vietnã, se arregala e semi-cerra, forçando um pouco mais que o necessário a surpresa, e nesse momento, esquecemos do personagem e lembramos que o ator está ali.

Sheen-Frost começa o filme com um sorriso canastrão sempre presente, mesmo em momentos de desconforto, ou, e vale a pena obsevar a sutil diferença em seu sorriso na última cena com Nixon (lembrando, talvez propositalmente a Ilha da Fantasia- Fantasy Islnad, com Nixon como Sr.Roarke e o assessor como Tatto, curtindo a aposentadoria/exílio), onde o falso sorriso dá lugar ao verdadeiro, de um personagem que realmente gosta de "seu adversário", apesar da ironia do presente, um sapato italiano(é preciso ver para entender).



Roteiro e direção

Interessantíssimos, constroem um herói (Frost) cínico, no início superficial, fraco, ambicioso e perdido, que ao longo do filme vai ganhando consistência e força, até se tornar a voz do povo que enfrenta Nixon, e todo o abuso de poder e ameaça à democracia que ele representa.

Mas é em Nixon que o filme encontra sua força máxima. O filme brinca com nossos sentimentos de simpatia e antipatia com o personagem, apresentando um ser humano em todos os seus aspectos: forte, frágil, esperto, perdido, ambicioso, amoroso com a família, admirável, repulsivo. A todo momento, somos convidados a julgá-lo para ora absolvê-lo, ora condená-lo, até que ao fim, quando sua expressão derrotada, olhar caído em close up através do monitor da televisão, precebemos que não se trata somente de julgar o homem, mas sim, defender a democracia e os princípios que a garantem.



Pra quem gosta de política

Um prazer a mais, em certo momento Nixon cita seu debate contra Kennedy, onde se observou pela primeira vez o efeito da "telegenia", ou seja, como o candidato é percebido pelo público da tv, ou como ela imprime sua mensagem, e ele conta que perdeu ali a eleição. Além de toda a preparação psicológica para a entrevista, os jogos, ou truques para fugir de determinadas perguntas e respondê-las em seus termos.

Edição ágil, sem ser a neurose dos tempos de videoclip, atuações maravilhosas e fotografia corretíssima, alterna a linguagem jornalísitca da época com a cinematográfica, tons frios, nos levando visualmente de volta aos anos 70, com suas cores e luzes, em contraste com os tons quentes dos momentos de derrota ou drama pessoal dos personagens.

Quanto ao que Nixon fez bem lembra o que tem ocorrido no Brasil hoje em dia, com o uso da Polícia Federal, do minsitério público, dos mensalões e etc, para empanelar a oposição e trazer para o guarda-chuva do governo os aliados. Lembrei-me de Figueiredo: Aos amigos tudo, aos inimigos a lei.

Valeu.

@cajuínas