sábado, 29 de agosto de 2009

Se Beber Não Case, como bebo sempre...





Se Beber não Case, divertidíssima comédia masculina de Todd Phillips. É um bom filme para se discutir quem é o protagonista. Quatro amigos vão a Las Vegas para a despedida de solteiro de Doug, ele é o primeiro a aparecer no filme, no ato I, ou no princípio (a primeira meia-hora de filme, onde se apresenta quais os personagens, suas realidades, frustrações, seu ambiente, e qual história se irá contar). Depois aparecem pela ordem Alan, Phil e Stu.




Doug é o noivo, com uma linda noiva,








Alan é o cômico, meio débil, o arquétipo do pícaro,












Phil, o bonitão, rebelde, insatisfeito com a vida que tem, transgressor.







Stu nem é o cômico, nem o bonitão, nem é médico, mas dentista, tem uma namorada megera, mas se conforma conforma com a vida que leva e planeja casar com a namorada.








O primeiro ato termina em um drinque no telhado do hotel e o segundo começa no quarto, na manhã seguinte. O quarto está uma zona, uma prostituta sai do quarto, tá tudo quebrado, revirado, há uma galinha (que ninguém explica, devem ter tirado a explicação no corte final), pasmem, um tigre e pior, um bebê. O primeiro que aparece no segundo ato (ato de enfrentamento, onde a aventura se desenrola) é Stu, Doug está desaparecido, eles têm que descobrir onde está o amigo, e mais, o que aconteceu na noite anterior, já que ninguém se lembra de nada. É um filme da busca de um amigo desaparecido e mais, da busca da memória do que aconteceu na noite anterior.



Perguntei para alguns funcionários, estagiários e alunos da Ópera Prima quem é o personagem principal. Teve quem arriscasse Phil, por ser o bonitão. Mas na verdade quando tentamos definir quem é o protagonista, ou o arquétipo do herói, aquele através de quem iremos viver a aventura dramatúrgica, devemos nos perguntar quem sofreu a grande transformação ao longo do filme. Essa transformação compreende aprender algo, vencer desafios, se sacrificar, abrir mão de coisas importantes e, principalmente, vencer sua falha trágica, ou o aspecto de sua personalidade que se o protagonista não superar, irá levar à sua falha ou derrota em sua jornada através da aventura.




Doug some o filme inteiro e só reaparece ao final, quando é resgatado. Nada perde, nada aprende, termina como começou. Alan é um personagem cômico, serve como contraponto para que os outros personagens possam viver suas aventuras. Phil volta para sua esposa e filho, pára de reclamar e retoma o casamento. Já Stu vive todas as etapas do herói, e não é à toa que o segundo ato começa com ele acordando. Stu aprende a enfrentar a vida, admite ser dentista, arranca um dente de si mesmo (o sacrifício, a prova pelo desapego), acha o amigo desaparecido, se apaixona por uma prostituta e manda a namorada megera à merda. Sua falha trágica era justamente a incapacidade de enfrentar a vida e a realidade, aceitar ser dentista e que foi traído pela megera, a qual, apesar de amar, descobre que não vale à pena. O anel de sua avó, orgulho de sua ascendência judaica, apesar de recuperá-lo (o havia dado de presente para uma prostituta com a qual casa no auge de uma bebedeira), prova de insatisfação com a vida, simboliza seu apego a uma vida falsa. E por que o recupera naquele momento do filme? Porque ainda não estava pronto para enfrentar a vida e se transformar num homem diferente, mais seguro e firme.





Acreditem em mim, eu não contei o final, nem nada demais, há muita coisa pra rir e descobrir com o filme. Vale a pena pra quem quer se divertir. Assistam aos créditos...







@cajuínas

Um comentário:

  1. ...eu saio do cinema sempre com umas 5 obs enquanto vc vai e volta com umas 200.
    Conclusão: como cinéfila sou uma excelente jornalista...rsrs
    Bom fds! bjks!

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