quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Amantes, Joaquin Phoenix, um grande ator num grande personagem.


Amantes (James Gray) é um filme sobre um personagem bipolar (Joaquin Phoenix). Leonard transita entre o homem que se atira de cabeça em uma paixão, ao homem que é prático e se adapta à realidade. Esses dois pólos são representados por sua namorada Sandra (Vinessa Shaw) e por sua paixão platônica, Michelle (Gwineth Paltrow).

Há vários aspectos do filme que podem e valem ser discutidos, a fotografia(em certos momentos dura, silhuetada, com sombras nos olhos do atores, e em outros com compensações artificiais), planos fechados e movimentos de câmera. O trabalho da equipe de edição de som que é espetacular (pode-se comparar, por exemplo, a mixagem das falas de Leonard e Michelle no terraço e na belíssima cena em que falam por telefone enquanto se olham pela janela. Na primeira, as falas estão com ecos e na segunda, são sussurradas e comprimidas, sem reverberação. - aliás, a atuação de Joaquin nesta cena é especial). A edição de imagem que se alterna em antecipações e atrasos em relação à sonorização e aos momentos dramáticos do filme. A direção de arte que é belíssima e claro a direção que conduziu magistralmente o elenco e todo o resto, contando a história não somente pelo desenrolar do roteiro, mas pela composição do personagem de Leonard, pelas opções de fotografia, música, sonorização, arte edição e etc.

Mas vou me ater a três cenas em sequência que ilustram bem o quanto a direção foi feliz: Na casa de Leonard (fotografia em tom quente), ele escuta um cd de Ópera (tem que ver o filme para entender o contexto), ele recebe Sandra e os dois transam, ela vai embora sem que ele a leve à porta, e o cd ainda não acabou. Ou seja, percebemos, através da edição de som, que a transa foi rápida.


Através da fotografia, percebemos o amanhecer no rosto de Leonard que dorme e vamos para a cena seguinte. Leonard e Michelle têm sua primeira cena no terraço do prédio, onde ele se revela para ela, que o rejeita e assim os dois têm que se afastar. A fotografia é fria, o céu cinzento, as falas têm eco. A mis en scene se dá pelas frestas das paredes de uma pequena capela no terraço, por vezes vemos os personagens, por vezes se perdem atrás das paredes, planos médios e poucos cortes (belíssimo) O som da porta puxa o corte pra cena seguinte, onde no quarto de Leonard, em meio à bagunça, há o plano na sua máquina fotográfica.

Corta para uma sequência de fotografias em preto e branco, fotos artísticas de Leonard (que antes só fotografava paisagens), de sua namorada, sua mãe e do bar mitzvah do irmão de sua namorada. Daí se corta para o próprio bar mitzvah, ou seja, fomos à frente no tempo, com as fotografias, e agora voltamos, para o bar mitzvah, já que as fotos reveladas do mesmo, indicam um tempo posterior. Agora, durante o Bar Mitzvah, vemos Leonard fotografando (as fotos que resultarão naquelas que vimos agora há pouco),a fotografia é quente. Planos gerais, muita gente, muitos cortes de cena. Muita alegria em contraste com a cena do terraço de tristeza e angústia.


Faltou sujar um pouco mais a Michelle/Gwyneth, o máximo que se vê é um borrão no rímel quando ela chora. Mas na cena que sai do hospital, está maquiada, corada, cabelo penteado, por favor, né? Ela acabou de abortar após sangrar sozinha em casa, deveria estar magra, com olheiras, mal-hálito (se representaria pela desconstrução da estética da personagem), mas talvez os agentes da atriz não tenham permitido...



A composicão do Joaquin está ótima, com sua timidez, sua cabeça meio pendente, seu olhar... Elias Koteas é outra referência, está ótimo...





@cajuínas

Um comentário:

  1. Gostaria de saber o nome da ópera que é tocada neste filme. Quem souber por favor mande um e-mail para caue_procopio@yahoo.com.br
    obrigado.

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