Thercov escrevia comédias, mas Stanilavsky teimava em encená-las como tragédias. Na história o Tchercov que ficou foi o Stanilavskyano. No filme: "O bom Pastor", um espião soviético que passa pro lado estadunidense, assiste a um espetáculo de Tchercov ao lado do personagem de Matt Demon, ele se revolta com a leitura americana de Tchercov, reclama que em russo as coisas fazem mais sentido, e que os etadunidenses não entendem a alma russa.
Tudo bem, nem eles, nem nós temos que entender a alma russa, mas podemos emprestar nossa alma brasileira à uma montagem de Tchercov.
Moscou é um quase documentário sobre o processo teatral da montagem de uma peça. Digo quase, pois a montagem não existe, só foi levada adiante das câmeras, e não se montou a peça, mas fragmentos de cenas.
Mesmo pra quem não conhece o texto, há uma oportunidade de conhecer os personagens e suas histórias, seus dramas, como se diz no filme: seus debates. É interessante ver atores em suas buscas dos personagens, utilizando jogos teatrais, recursos de memória emotiva, leituras, exercícios e etc. Podemos perceber o quanto os atores evoluem no processo, os que se entranham mais dos personagens, os que tateiam, os que dão tonalidades, os que soam monocórdios, os que tentam forçar emoções, os que as encontram, os que se naturalizam, os que mimetizam e assim vai.
Legal a cena em que no camarim as atrizes começam a passar as falas e a personagem de ... vai indo muito bem até chegar ao ponto onde tem que ler e a personagem se perde, o que é natural.
Senti falta do diretor teatral mais presente no fime, suas reflexões, sua busca. Afinal desde Wagner, essa figura, ora democrática, ora tirânica, ora patética, ora perdida, ora o timoneiro do barco é fundamental ao teatro.
Um prazer a mais é vermos um filme não regionalizado (falando de cidades do interior ou fazendas) em que podemos ouvir interpretações com sotaque mineiro. Desde a implantação das redes de tv no Brasil, tivemos nossa globalização interna e os sotaques vêm sendo combatidos pelas tvs e pelo cinema. Sendo relegados às obras com foco regional, ou seja, que falem de personagens do interior, de época, ou comédias. Ao meu ver os sotaques, e as diferenças são de uma riqueza incrível, e não há porque forçamos, como estamos fazendo, a maneira de falar do carioca aos atores. Há sempre uma frase padrão pro ator recém chegado ao Rio: Você é muito bom, mas tem que perder esse sotaque. Triste, mas é o que vem ocorrendo, e as emissoras, grandes contratadoras de atores, impõem isso. Assim como impõe padrões de beleza, raça (desculpem um melhor termo), etc.
Talvez esteja na hora de termos coragem para rasgarmos o véu do "padrão" como fizeram alguns cineastas do nordeste, São Paulo, entre outros e hoje temos na cena nacional atores como Luís Carlos Vasconcelos.
@cajuínas
Tudo bem, nem eles, nem nós temos que entender a alma russa, mas podemos emprestar nossa alma brasileira à uma montagem de Tchercov.
Moscou é um quase documentário sobre o processo teatral da montagem de uma peça. Digo quase, pois a montagem não existe, só foi levada adiante das câmeras, e não se montou a peça, mas fragmentos de cenas.
Mesmo pra quem não conhece o texto, há uma oportunidade de conhecer os personagens e suas histórias, seus dramas, como se diz no filme: seus debates. É interessante ver atores em suas buscas dos personagens, utilizando jogos teatrais, recursos de memória emotiva, leituras, exercícios e etc. Podemos perceber o quanto os atores evoluem no processo, os que se entranham mais dos personagens, os que tateiam, os que dão tonalidades, os que soam monocórdios, os que tentam forçar emoções, os que as encontram, os que se naturalizam, os que mimetizam e assim vai.
Legal a cena em que no camarim as atrizes começam a passar as falas e a personagem de ... vai indo muito bem até chegar ao ponto onde tem que ler e a personagem se perde, o que é natural.
Senti falta do diretor teatral mais presente no fime, suas reflexões, sua busca. Afinal desde Wagner, essa figura, ora democrática, ora tirânica, ora patética, ora perdida, ora o timoneiro do barco é fundamental ao teatro.
Um prazer a mais é vermos um filme não regionalizado (falando de cidades do interior ou fazendas) em que podemos ouvir interpretações com sotaque mineiro. Desde a implantação das redes de tv no Brasil, tivemos nossa globalização interna e os sotaques vêm sendo combatidos pelas tvs e pelo cinema. Sendo relegados às obras com foco regional, ou seja, que falem de personagens do interior, de época, ou comédias. Ao meu ver os sotaques, e as diferenças são de uma riqueza incrível, e não há porque forçamos, como estamos fazendo, a maneira de falar do carioca aos atores. Há sempre uma frase padrão pro ator recém chegado ao Rio: Você é muito bom, mas tem que perder esse sotaque. Triste, mas é o que vem ocorrendo, e as emissoras, grandes contratadoras de atores, impõem isso. Assim como impõe padrões de beleza, raça (desculpem um melhor termo), etc.
Talvez esteja na hora de termos coragem para rasgarmos o véu do "padrão" como fizeram alguns cineastas do nordeste, São Paulo, entre outros e hoje temos na cena nacional atores como Luís Carlos Vasconcelos.
@cajuínas
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