segunda-feira, 15 de junho de 2009

The Shield



Vale a pena passar na locadora e pegar as temporadas completas desta série. The Shield é uma série que retrata uma delegacia policial americana, em um bairro violento de Los Angeles. Ao contrário das séries do gênero, como CSI, Lei e Ordem, não há super-tiras que sabem tudo. O grande mérito da série é apresentar personagens dúbios, humanos, em alguns momentos com medo, outros com coragem, egoístas, solidários, corruptos, nobres. Nas faixas dos dvds onde há os documentários com os produtores, percebemos o porque do resultado tão bom. Os roteiristas pesquisam a fundo o mundo marginal de L.A., os tipos, as gírias, os costumes. Foram construídos persongens muito interessantes:


Vic Makey- o principal, o herói da série, líder da unidade de choque. Corrupto, logo no primeiro episódio da primeira temporada, mata um policial que o investigava, violento, truculento, mas por outro lado, extremamente leal aos companheiros, à família, procura sempre, em sua moral bizarra, fazer o que acredita ser certo. Sua incapacidade de se comunicar, seja com sua família, seja com seus chefes, é sua maior fraqueza (sua falha dramática).

David Aceveda - o capitão da delegacia que se torna vereador. De origem latina, é o antagonista de Vic. Veste o manto da legalidade, mas faz acordos políticos e sua grande ambição é ser prefeito de L.A. Não se corrompe por dinheiro, mas seus compromissos políticos não deixam de ser uma forma de corrupção.








Claudette Wyms- detetive negra, mulher. Antagoniza com Vic e Aceveda, extremamente competente, busca sempre o lado certo. É irritante vê-la ir a fundo em investigações que podem comprometer Vic. Os roteiristas brincam com isso o tempo todo.



Shane - do ponto de vista dramático é um personagem muito interessante, meio estúpido, usuário de drogas, corrupto, emotivo ao extremo, sempre caga com tudo. Extremamente leal ao amigo Vic, se tornam inimigos no final da sexta temporada, pois Shane mata um de seus companheiros, pensando que ele iria cagüeta-los.







A direção valoriza em muito o trabalho dos atores, ao invés de obrigá-los a se adequar às marcas de luz e câmera, é ao contrário, a luz é que se adapta e sempre filmam com duas câmeras para captar o trabalho dos atores. É interessante observar o cuidado com as interpretações sem fala, os olhares as contracenadas e etc.

A edição é um show a parte, são três editores se revezando, cada um edita um capítulo. Primeiro se montam as cenas, depois as colocam na ordem do roteiro, adequam ao tempo e a direção, a produção e a rede discutem. Segue a linha de valorização do trabalho dos atores e contracenações. A sonorização leva especial atenção, são oito profissionais, na segunda temporada há uma faixa que explica o processo. Eles optam por utilizar a trilha sonora com justificativa geográfica, ou seja, não há trilha incidental, as músicas sempre vêm de uma fonte que está em cena, como uma rádio.





No Brasil há uma linha de séries que se inspirou no The Shield. Entre elas: 9mm São Paulo, A Lei e o Crime e Força Tarefa. Esta última está mais para O Pantera, nada funciona, Murilo Benício que é um grande ator, faz um policial que masca chicletes... As atuações são pífias, as situações inverossímeis, as cenas de lutas risíveis (há uma cena de coronhada em que a arma nem toca o outro ator, podiam ter pelo menos resolvido na edição), a trilha sonora é irritante, e a fotografia tenta dar um clima noir que não funciona. A Globo deveria exigir mais pesquisa de campo de seus profissionais quando se propõe a fazer algo assim. Nesta a Record saiu na frente e tá a Globo correndo atrás...



@cajuínas

Nenhum comentário:

Postar um comentário