quinta-feira, 14 de maio de 2009

Prenderam o Batman, agora falta o Coringa! ( o que o transporte público tem haver com isso tudo-fevela, milícia, tráfico?)


Excelente operação que a polícia civil realizou ontem para capturar o ex- PM Ricardo Teixeira da Cruz, conhecido como Batman. Batman foi preso em uma arapuca muito bem montada, assim que chegou em casa, o helicóptero sapão entrou em ação iluminando a casa e a polícia anunciou o cerco. Parece coisa de filme. Parabéns à CORE pela operação (Dr Marcos atual coordenador e quem chefiou a operação).

Batman deu uma entrevista que pode ser vista no youtube, onde podemos observar como funciona a cabeça de um miliciano no Rio de Janeiro hoje. Não se considera criminoso, apesar de admitir explorar o transporte ilegal, e matar traficantes (a quem considera os verdadeiros criminosos). Como todo processo comercial, o miliciano também vai se especializando e assim ramificou suas atividades econômicas nas máquinas de caça niqueis, gatonet, gás, gato d'água, de luz, prostituição, etc. Mas Batman se vê como um injustiçado e na verdade um protetor da comunidade a qual pertence.

As mílicias já mostraram sua face e a sociedade carioca finalmente acordou para o problema, afinal estes grupos conseguem se ramificar dentro do estado, dos poderes executivos, legislativo, judiciário, das administrações públicas, etc.

Não se combate ilegalidade com ilegalidade, assim o carioca entende como deve ser o processo de combate à criminalidade e ao tráfico. Óbvio que o Batman não tem esse poder todo de articulação sozinho, há grupos de comerciantes e políticos apoiando-o e às milícias. Óbvio. Não se pode esquecer que nos primeiro lugares onde surgiram as mílicias, elas vieram da organização dos comerciantes locais para impedir os assaltos. À princípio a população apoiou a iniciativa e com o respaldo popular, veio o crescimento. Não esqueçamos que a própria TV Globo fez uma novela onde mostrava o miliciano como herói.





Tudo, como sempre, começa com a ausência do estado.


Mas o estado se ausenta porque a sociedade se omite. As favelas foram surgindo e como avestruzes, procuramos enterrar nossas cabeças para o problema. A favelização é uma solução para o déficit habitacional, mas uma solução à brasileira, a gente finge que não existe, que não vê e até se beneficia do fenômeno, até que ele começa a incomodar. Quando isso ocorre? Quando as blaas perdidas atingem nossos prédios, quando somos assaltados.

Agora as favelas estão aí, são por volta de mil e quinhentas em todo o estado. Assunto pra se resolver com seriedade, a remoção não é possível, a ocupação no modelo do que está sendo feito no Dona Marta, na Cidade de Deus e será feito agora no Leme, exige recursos que provavelmente não teremos. Pra se ter uma idéia, após dois meses de conflitos no complexo do Alemão, dezenas de mortos, a força nacional se mostrando ineficaz para a tarefa (tomou uma surra no único tiroteio em que se envolveu), se apresentou a conta: sería necessário pelo menos um bilhão de reais para se continuar a ocupação, sem contar no custo em vidas e etc.


Um problema do tamanho da nossa falta de sensibilidade. Vejamos: qual família gosta de contratar uma doméstica que more longe e tenha que pegar três ônibus até chegar ao serviço? Muito mais fácil contratar alguém que more perto, que tal alguém da favela do bairro? Por outro lado é um crime sem proporções as condições de transporte no Rio de Janeiro. Uma pessoa que more em Austin, por exemplo, leva quase três horas para chegar ao centro da cidade, sendo transportado em condições piores que o gado que vai pro abate. Daí surge o transporte alternativo... Batman... etc.

Mas se nós queremos melhorar as condições do transporte coletivo e de massas somente pras classe mais pobres, também não vamos conseguir seguir adiante, afinal, o que queremos é resolver os problemas das classes médias (desculpem o cinismo, mas faço uma análise fria).



Na europa e nos EUA, viver nos subúrbios é um luxo da classe média. Não devemos melhorar os transportes somente para que o pobre se mude da Rocinha para Santa Cruz, mas devemos fazê-lo para que possamos também, nós classe média, morarmos em Itaipava e chegarmos ao centro da cidade em vinte e cinco minutos. Para que as empresas possam mudar suas sedes para regiões mais afastadas do centro. Cabe ao governo do estado também fazer sua parte, e começar um estudo visando a transferência da administração estadual para o interior do estado, como fizemos com Brasília. Mas Brasília foi feita à toque de caixa, sem nenhuma malha ferroviária para dar suporte, em cinco anos. Podemos levar um pouco mais de tempo, dez à quinze, ou vinte, criando uma estrutura de transporte, logística e metropolitana.





@cajuínas

Um comentário:

  1. O Estado é omisso no Brasil inteiro.
    Se mudar o nome das favelas com as ruas daqui, vai caber direitinho na relidade de Belém.
    Eu continuo presa em casa....

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