domingo, 6 de setembro de 2009

Os Normais 2


Os Normais 2 (José Alvarenga Jr.), comédia no estilo televisivo, é muito mais uma sucessão de piadas do que um roteiro com uma trama (no estilo aristotélico do termo, início, meio e fim, onde se dá a peripécia e o reconhecimento dos personagens). Nada contra, afinal é o objetivo. Nem muito a comentar sobre o filme, por ser episódico (os fatos não se encadeiam levando um ao outro, mas se sucedem em cronologia simples), em alguns momentos é engraçado em outros se força a barra.


Para reflexão: a cena em que o casal normal chega à festa onde eles têm que achar uma bi, neste momento, o roteiro trabalha com uma técnica interessante: o espectador detém toda a informação do que está se dando na festa, enquanto os personagens têm uma informação parcial, distorcida e imprecisa. O tom cômico se dá aí, nesse desencontro entre o que realmente está ocorrendo e o que os personagens pensam estar ocorrendo. O espectador fica na aflição em ver o quanto de mico esse desencontro vai prover.


No mais, nada demais. Talvez possamos pensar na forma do roteiro, onde os personagens principais querem algo, mas seu destino teima em negar, o que dá ao espectador aflição, e garante o interesse até o fim, consigam ou não. O entendimento do casal de qual é o verdadeiro valor de uma relação se dá por uma mera necessidade de fechar a ponta do roteiro, e não há realmente, através das várias etapas do filme, a transformação, o aprendizado para o final feliz que uma comédia romântica precisa.


Vale pela diversão. Quem quiser comparar o trabalho do Tuca Morais na fotografia, assista a Tempos de Paz, onde sua performance é muito mais exigida e neste Os Normais 2, onde não há em verdade sombras, apenas iluminação. Fotografia digital (me incomoda o uso do lower shutter - a baixa velocidade da cabeça da câmera, cria um rastro).


Sonorização: faltou um investimento maior, no Brasil se investe pouco neste setor fundamental para o entendimento e apreciação de um obra audio-visual, calcula-se que mais de 76% da percepção de uma cena se dá pelo som, portanto o investimento na fase de pós-produção deveria levar este dado em conta. As vozes dos personagens mereciam uma espacialização maior, assim como toda a malha sonora.


Este tipo de filme, capaz de arrastar multidões ao cinema é fundamental para se estabelecer uma indústria cinematográfica no país que seja independente de leis de incentivo ou governos. Muitos empregos e muitas gargalhadas.


P.S. Danielle Suzuki de calcinha e sutiã sempre vale a pena.

2 comentários:

  1. Conheci o Tuca Moraes qdo eu fiz produção da série "A Vida Como Ela É", do Nelson Rodrigues, exibido em 1996, no Fantástico. Ele já despontava como um dos grandes talentos do nosso cinema, além de ser uma figura simpática pacas. Ainda não assisti Os Normais 2, mas confesso que gosto muito daquele humor debochado e escrachado e concordo que o cinema nacional precise de filmes assim nem que seja para formar plateia. Só não concordo que Danielle Suzuki de calcinha e sutiã sempre vale a pena... prefiro sem nada!
    Bjdas.

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