sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Copenhaguen e Eu com isso?



Venho recebendo e-mails para assinar uma pressão sobre os líderes mundiais em Copenhaguen, vejo as matérias indignadas na imprensa sobre o fracasso das negociações e a apatia dos negociadores, assim como a omissão dos líderes.

Nós todos nos indignamos e apontamos os dedos em acusação aos nossos líderes e os líderes da China, EUA, Europa, como se a culpa pela aquecimento global fosse unica e exclusivamente deles pelo fracasso das negociações. Mas eu pergunto, será que nós queremos mesmo proteger o clima e salvar o planeta? Ou isso é um sonho, não tão bom o suficiente para abrirmos mão de nossa opção de vida, de nosso prazer em consumir?



Metas de emissão de CO2 podem significar que não iremos trocar de carro todo ano, de computador a cada dois, de celular cada vez que sai um modelo novo. Pode significar que iremos comprar menos roupas, calçados e nosso armário permaneça com as mesma peças até elas se acabarem de tanto uso. Teremos que usar menos eletrodomésticos, menos maquiagens, comer menos carne, andar menos de carro e pegar ônibus lotado, além de esperar horas no ponto, fora o medo de ser assaltado. Bolsas novas? Rs. Esquece o rodízio da churrascaria. Pros vegetarianos também temos um pacote, nada de soja o tempo todo, suco de leite de soja, proteína de soja, missô... vamos pagar mais pelos vegetais se quisermos comer os orgânicos. Comer peixe? Pesca artesanal, a industrial tá acabando com fauna marinha, ou seja, menos idas ao japonês, menos salmão.  Ah sim, nada de ficar trocando os móveis da casa, pra quê? Os antigos ainda estão em condições de uso. Mas e a economia que precisa desse consumo para alavancar, crescer, gerar postos de trabalho?

Se toda a população mundial tivesse o padrão de consumo da classe média estadonidense, o planeta não daria conta. Afinal, o planeta terra é uma certa quantidade de massa, de matéria. Não há milagre, é uma questão de matemática, temos uma quantidade de massa X, a equação que utilizarmos, seja qual for, tem que dar X.


Nossos líderes nos representam, mesmo nas ditaduras. Se eles emperram as negociações, estão atendendo às nossas demandas, nossa pressão pelo crescimento econômico, pela geração de emprego e por nosso direito ao consumo, a ter uma televisão em cada cômodo, três celulares novos, dvd, blue-ray, computador, notebook, mix, liquidificador, microondas, forno elétrico, sacolas plásticas dos supermercados, quantidade sem fim de lixo, embalagens, guimbas de cigarro, pets, copos plásticos, canudos, hashis, isopor do sanduíche, e pilhas...! Gente será que eu vou ter que parar de usar meu controle remoto e levantar pra trocar o canal da tv? Mas aí é muito radicalismo. Parece como era no tempo dos meus pais. Como eles faziam sem celular, computador, Ipod? E meus avós que não tinha nem carro, telefone, somente um relógio de corda? Como eles conseguiram sobreviver e terem uma vida longa, produtiva e feliz?


Não, na verdade eu não quero nem pensar nisso, eu só não quero ser hipócrita de exigir de outros sacrifícios que eu nem sequer considero como hipótese. Parar de culpas os outros, quando sou eu que estou no campo jogando.



Eu quero me perguntar, será mesmo que eu me preocupo com o clima? Ou é só uma emoção, como a de assistir Pinóquio e chorar, para depois, sair do cinema sem nem perceber os meninos de rua, drogados, abandonados, violentados, desmoralizados?




@cajuínas

Um comentário:

  1. Pois é, eu tbm penso a mesma coisa. A gente vê um monte de gente (zombie) com bandeirinhas, berrando etc., mas ninguém cai na real do sacrifício. Na boa? Isso nunca vai acontecer, porque as pessoas são mto egocêntricas... A coisa vai dar no que tiver que dar, pq ninguém se preocupa em reduzir seu consumismo. Eu? Mas eu faço minha parte! Eu separo o lixo, economizo água... rs. Fala sério, né? Esse povo vive num mundo inventado, um conto de fadas sombrio e idiota. Prefiro as animações do Tim Burton, que pelo menos é algo assumido e consciente.
    Abs.

    ResponderExcluir