André Machado
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RIO - Será que o iPad tudo que dizem? Sim e não. Semana passada, tivemos a oportunidade de dar uma olhada nele aqui na DIGITAL ( Confira o vídeo ). De cara, vemos logo que o design do iPad é muito parecido com o do iPhone, claro. Mas a experiência com os aplicativos se mostra mais sedutora do que no telefone. Os programas já adaptados para o novo aparelho são bem feitos e comprovam que enfim o conceito do computador tablet - do qual ouvimos falar desde que a GRiD Systems lançou seu GriDPad, em 1989 (!!) - chegou para ficar. Entretanto, há um monte de senões na novidade: não tem suporte a USB e nenhuma outra mídia removível, a bateria é embutida, prende o usuário ao "Apple way of life" e por aí vai. Além disso, maior que o Kindle (260g), da Amazon, o iPad (680g) começa a pesar depois de algum tempo de uso. Mas comecemos do começo. (Leia também:Rivais da Apple correm para enfrentar o iPad ) APPS BÁSICAS DE INÍCIO
O aspecto do aparelho é elegante e muito mais bem acabado do que um Kindle (reconhecidamente um produto focado em texto), e o uso da multimídia pelos aplicativos, muito inteligente. Ele vem com programas básicos, como agenda de contatos (em forma de um livrinho), bloco de notas (como um caderno com folhas amarelas), espaço para galeria de fotos, músicas (leia-se iPod), email (pode-se configurar contas de Google, Yahoo!, Exchange etc) e, naturalmente, conexão com iTunes e a loja da Apple. O conteúdo mais interessante? Aí é preciso baixar.
INTERNET E WIFI
A conexão internet (com Safári) via WiFi funcionou corretamente aqui na redação, a despeito dos comentários de consumidores nos EUA sobre o sinal fraco em iPads lá fora. A tecnologia wireless só fraquejou quando levamos o aparelho para o estúdio fotográfico, onde ficou fora do seu alcance.
Entretanto, como num smartphone, a experiência online se dá de maneira mais eficaz através dos próprios aplicativos conectados, e não simplesmente pela navegação. Embora se deva dizer que o YouTube está redondinho no iPad e automaticamente passa seus vídeos em tela inteira quando se vira horizontalmente o gadget (como, de resto, em smartphones em geral). O tablet acompanha essas viradas o tempo todo, colocando ícones e programas no sentido desejado pelo usuário conforme suas ações.
TOUCHSCREEN E TECLADO
A tela de toque é satisfatória e dá segurança ao usuário. É preciso tocar um ícone com alguma firmeza para que ele se abra. As telas são rapidamente acessáveis com uma puxada para a direita ou para a esquerda, e dentro dos aplicativos há recursos como dar dois toques a fim de acessar mais recursos ou abrir os dedos médio e indicador para aumentar a visualização. A digitação no teclado virtual não é confortável (faz até um barulhinho simpático, mas não convence). Um apoio vendido por US$ 70 pela Apple permite acoplar um teclado semelhante ao de um desktop ao iPad, e embora só tenhamos visto esse periférico num vídeo, é bem provável que com ele a digitação tenha a ganhar. ( Leia também: Apple leva videogames a sério com o iPad ) Entre os aplicativos mais interessantes do gadget, estão os ligados à leitura. Vamos a eles.
IBOOKS: SURRA NO KINDLE
O iBooks, baixável gratuitamente para o iPad, é um dos melhores programas do aparelho. A leitura dos livros é mais dinâmica que no gadget da Amazon e permite virar as páginas. No restante não é tão diferente, porque permite aumentar a fonte, marcar texto e favoritar, consultar termos no dicionário e assim por diante. Mas a apresentação da biblioteca virtual é campeã, mostrando as capas dos livros numa estante de madeira - que se vira quando vamos acessar a loja online. Perto dele, o aplicativo do Kindle (já portado para o iPad) empalidece. Verdade, o Kindle cansa menos a vista, mas é possível controlar o brilho do iPad, no fim das contas.
REVISTAS, JORNAIS, GIBIS...
Ler jornal ou revista no iPad é uma experiência multimídia completa. Os aplicativos do "New York Times" e do "USA Today" têm boa navegação e levam a links e galerias de imagens (o do NYT lembrando bem sua identidade web, contra um programinha de imagens impecável do concorrente). Seções, reportagens e anúncios em revistas como "Men's Health" ganham links para vídeos e compartilhamento de conteúdo na internet, ao mesmo tempo que mantêm o visual do produto físico. (Leia também: Conteúdo do GLOBO já está disponível no iPad ) O aplicativo da Marvel Comics para leitura de quadrinhos permite dar zoom em cada seção de uma página e navegar de um quadrinho a outro sem precisar ver a página toda de uma vez. E um aplicativo da série "Toy Story", da Disney, lê em voz alta histórias para crianças, com imagens que se movem como um livro de dobraduras, ao mesmo tempo que permite colorir desenhos dos personagens, entre outras opções. O próprio usuário pode gravar a história com sua voz.
MAS... CADÊ AS MÍDIAS?
A primeira e mais gritante falha do iPad é a falta de suporte oficial a mídias removíveis. Mesmo os netbooks, mais voltados para a mobilidade, têm montes de portas USB. É um pecado o iPad não vir com uma, nem com possibilidade de uso de cartões SD. Isso sem falar da bateria embutida. A Apple, lá fora, garante um iPad novo ao consumidor se a bateria apresentar defeito. Mas não seria mais simples torná-la removível? E o Flash ainda ficou de fora da novidade, assim como o Bluetooth.
ALGEMAS DE MAÇÃ
Como sói acontecer na história do pomar de Steve Jobs e cia., o iPad é um mergulho na vida macmaníaca, talvez necessário para a turma do design, das artes gráficas, mas nem sempre para os pobres mortais. É de se imaginar o que poderia fazer um tablet movido ao sistema Android, do Google, mais aberto.
MAIS BARATO MESMO?
A US$ 500 a versão WiFi de 16GB (US$ 600 a de 32GB e US$ 700 a de 64GB nos EUA), pode-se imaginar que o iPad saia mais barato que um notebook convencional. Entretanto, se contarmos os downloads pagos (US$ 10 cada programa de escritório Apple), mais US$ 30 um apoio simples, US$ 70 um apoio com teclado, US$ 40 uma capa preta...), a coisa vai mudando de figura. Isso sem falar na versão com 3G, que chega lá fora no fim do mês - vai custar mais US$ 130 fora o plano de dados da AT&T. Aqui no Brasil essa história não vai ficar mais barata, se juntarmos à conta a segunda das duas certezas na vida: os impostos.
OS DEFEITOS JÁ APARECEM
Relatos na internet, reportados por vários sites, como a ZDnet, dão conta de que os aplicativos iWork são formatados de maneira diferente no iPad, atrapalhando a vida dos usuários. Outros relatos falam do sinal fraco do WiFi e outros ainda mencionam a falta de drivers para impressão no aparelho (bom, se não tem USB, por que teria drivers para impressoras?). Há também um artigo do próprio suporte da Apple que recomenda tomar cuidado com o calor - nada de deixar o aparelho ao sol. Ele suportaria temperaturas entre zero e 35 graus, e se aquecer demais pode ter problemas para funcionar corretamente. Veja em http://support.apple.com/kb/HT4109 . CONCLUSÃO
É sedutor? Com certeza. Substitui um notebook? Não: falta a conexão real à "aldeia global", fora da tribo da Apple. Além disso, é mais voltado para leitura e entretenimento do que para a produtividade proporcionada por um sistema mais aberto. Mas ao menos, com o iPad, a ideia de tablet mostrou a que veio.
@cajuínas