sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Fotografias - Tomás


Foto de Tomás




@cajuínas

Fotografias - Carlos Lopes Santos


Gaivotas do Tejo



@cajuínas

Dando notícia sobre O Mensageiro





O Mensageiro (The Messenger/Oren Moverman/2009) é um filme interessante, denso.


Sgt. Montgomery (Ben Foster) é um veterano da guerra ao Iraque, ferido em combate, traz em seu corpo e em seu mundo interior as marcas da guerra, do horror de perder amigos e gente querida. Ele é designado para uma unidade cuja missão é simples: dar a notícia da morte de soldados estadunidenses a seus familiares mais próximos. Para treina-lo e orienta-lo, está ao seu lado o Cpt. Stone (Woody Harrelson), texano, falador, expansivo, AA, solitário e seguidor de ordens. Aí reside a grande diferença entre os dois: o objetivo de Stone é seguir os procedimentos e cumprir a missão, já Montgomery se importa com as pessoas.

Até aí tudo bem, a velha linha, chefe/mestre durão que ensina ao pupilo. Mas neste filme ocorre o inverso, o velho oficial durão é quem deve aprender a ter empatia e caridade com os dramas alheios. Harrelson constrói um bom personagem, segue a linha que lhe é comum, o do texano falastrão. Foster consegue fazer com que seu personagem transite da antipatia profunda ao oficial superior, para um forte laço de amizade. Montogomery não é um cara bom de briga, ou que fica ostentando armas, pelo contrário, seu silêncio sempre traz uma ironia ante a impossibilidade de lutar contra sua realidade. Foster montou uma postura corporal interessante, assim como sua inflexão verbal. Seu olhar é sempre neutro, mostrando em alguns momentos estratégicos, irritação, raiva, angústia, dor, amor, amizade. Há , geralmente, doçura em seu olhar que periga cegar. Vale a pena, observar no trailer, o nervosismo e angústia que ambos imprimem aos personagens, enquanto esperam o familiar do morto abrir a porta.



O filme não traz nenhuma novidade, como vem ocorrendo com o cinema já há muito, pouco se  surpreende, e é sempre mais do mesmo, quase sempre, da mesma maneira. Há referências cinematográficas como Taxi Driver e O Franco Atirador.

Interessante a opção da direção no uso da fotografia do filme. Nas cenas onde os oficiais devem dar a notícia aos parentes dos mortos, a câmera sai do tripé, vai pro ombro, é apontada um pouco abaixo da linha de cabeça dos personagens, num leve contra-plongé, em contraste com a postura marcial e a retidão dos uniformes dos dois, e sua impessoalidade tanto na máscara facial, quanto na inflexão verbal. A sensação de náusea é imediata. Há em alguns momentos um bom uso de distâncias focais e profundidades de foco, realmente a ótica foi bem pensada. Vale uma nota a ironia que o diretor lança mão: nestes momentos de dor familiar, há bandeiras americanas ao fundo, e em outra cena, quando Stone caminha angustiado à noite e um cartaz com a imagem do Super-Homem nos remete a criticar a situação.



A edição dialoga muito bem com a malha sonora do filme. Na primeira vez em que vão dar a notícia, assim que entram na casa, o som de um avião rasga a cena, ao final, indo embora, vemos um caminhão de sorvetes com sua música infantil, há o choro da família e a voz de Stone reportando-se ao seu superior. A história sonora merece uma atenção especial de quem vai assistir.

Acima falei do objetivo do personagem de Stone, mas não do de Montgomery, reside aí minha crítica oposta ao filme. Das três unidades aristotélicas, tempo, espaço e ação, a última é a mais importante. Um  personagem que vive numa determinada situação dramática, tem um determinado objetivo, ao qual, para alcançá-lo, deve vencer o conflito de vontades do filme ou peça, ou etc.. Se vence temos um drama, se perde, uma tragédia. A partir da cena em que Montogomery vai ao casamento da ex-namorada, o filme se perde. Pois, a partir daí, seu personagem passa a viver seu conflito interno, inicia sua luta para vencê-lo. O pathos do personagem que era sua empatia pelo sofrimento alheio, muda para viver seu próprio sofrimento. Sua vontade que era ajudar aos familiares dos mortos de alguma maneira, passa a ser sua adaptação à vida pós-guerra. Muda a vontade, muda o objetivo, muda o conflito, perde-se a unidade de ação e temos, na verdade, duas histórias distintas e que não têm nada a ver uma com a outra. Mais, o marido da ex, que passa a ser seu antagonista, é um personagem ridículo. Ora, se enfraquecemos o antagonista, enfraquecemos o herói.

De qualquer forma, foi o melhor que assisti nestas férias.

@cajuínas

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Concorrentes do Kindle animam editoras a subir preços de e-books


CHARLOTTE RAAB


da France Presse, em Nova York

As editoras de livros dos Estados Unidos, resignadas durante anos com as vendas de seus títulos a preços menores no formato digital, voltaram a sorrir com a proliferação de novas plataformas, com as quais esperam impor suas condições.

O surgimento de muitos rivais do Kindle da Amazon, líder no mercado de livro eletrônico, dá novas esperanças às editoras, que celebram a chegada do iPad, da Apple, um completo e-reader (leitor digital) de livros, jornais e revistas. "Estamos em um momento feliz, não apenas com a Apple, mas também com o Nook da Barnes & Noble e os outros 23 dispositivos eletrônicos de leitura lançados, e com os 'Google Books' que parecem estar em qualquer esquina", afirma uma fonte da indústria editorial sob anonimato.

O iPad só estará disponível para os consumidores no fim de março, mas a Apple está sacudindo o mercado do livro digital, como fez com a indústria da música ao lançar o iPod e a loja de música on-line iTunes.

Ao apresentar o iPad, o presidente da Apple, Steve Jobs, anunciou acordos com cinco grandes editoras e um acordo que permite às empresas fixar preços maiores, enquanto a Apple se conforma com uma redução de 30%.

O novo modelo representa uma mudança na forma como a Amazon tem negociado até agora com as editoras.





US$ 10


Desde o lançamento do Kindle, há dois anos, a Amazon vendeu versões digitais de livros de capa dura e best-sellers a US$ 9,99, uma iniciativa que pretende fundamentalmente estimular as vendas do leitor eletrônico da gigante virtual.

As editoras nunca concordaram com o que consideravam um preço muito baixo, mas não tinham condições de discutir enquanto a Amazon não tivesse concorrência. Poucos dias depois da apresentação do iPad, a Macmillan informou à Amazon que gostaria de cobrar de US$ 12,99 a 14,99 por versões eletrônicas da maioria dos novos livros de capa dura e dos best-sellers. A Macmillan destacou que daria à Amazon uma redução de 30%, assim como aconteceria com a Apple. A Amazon protestou e retirou temporariamente os títulos da Macmillan, tanto impressos como eletrônicos, de sua livraria on-line, mas acabou cedendo. Com isto, outra grande editora, a Hachette Book Group, rapidamente imitou a Macmillan.

"É importante destacar que não escolhemos (mudar o modelo de fixação dos preços) para ganhar mais dinheiro em títulos digitais: de fato ganhamos menos em cada venda de livros digitais", afirmou o diretor-geral da Hachette, David Young, em uma carta recente aos agentes literários.
"Estamos dispostos a faturar menos nas vendas de livros eletrônicos em troca do controle sobre o valor de nossos produtos", completou.

Consumidor


O problema, destaca o analista Allen Weiner da consultoria Gartner, é que agora os leitores, acostumdos a pagar US$ 9,99 na média por um livro digital, não estarão dispostos a pagar um aumento súbito de 20% ou mais.
"O dano causado pela Amazon pode ser irreparável, e as editoras podem se ver obrigadas a reduzir os preços, opina.

Muitas editoras apostam na capacidade da Apple para convencer os consumidores e esperam pelo projeto "Google Edition", que tem como objetivo digitalizar todos os títulos.
Apesar de este projeto ter sofrido outro revés na quinta-feira (4), com a oposição do Departamento de Justiça americano à versão mais recente das condições da gigante da internet para proteger os direitos autorais e editoriais, as empresas do ramo confiam em seu sucesso.

"Em geral todos somos muito favoráveis ao 'Google Edition'", afirmou uma fonte do setor. "O projeto poderá ajudar outros distribuidores que, de outro modo, não teriam os meios para acessar a distribuição digital", completou outra fonte.



deu na Folha on Line



@cajuínas





quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Trecho de Cajuínas - Chico Bala

Chico bala sustentou tiroteio por mais de quatro dias contra a volante do cabo Malaquias. Corria
pelo mato e atirava, assobiava, mangava, ria e gritava:
Dá fogo macacada!
Aprumem a pontaria,
aqui quem tá é Chico Bala,
vem me buscar na mata, Malaquias!
Sangue do Pereiras, era questão com o governo havia Chico Bala. Só Deus, Padre Cícero, Sinhô
Pereira arrespeitava. Lampião, desse não gostava. Sua Pereira valentia era por causa justa,
Carvalho, governo, vergonha, maldade, alma cebosa ou covardia, não a covardia do medo, mas
do forte contra o fraco. Não dava o sangue por roubar o povo,
assustar pai de família,
desonrar moça,
maldade por alegria.
Quando Sinhô largou a guerra por determinação do Padre Cícero, deixou a Lampião o comando
do cangaço. Chico Bala foi-se embora, não quis servir ao Virgolino.
Calçou as alpergatas e as perneiras,
os bornais por cima da cartucheira,
121 tiros de fuzil,
mais a pistola Browning e a peixeira,
cruzou a cinta e pendurou a borracha,
as luvas, os anéis,
no pescoço o lenço de seda,
o chapéu quebrado,
os sinais de Salomão e as estrelas,
as medalhas, moedas de ouro,
a barbela e a testeira.
Em marcha Chico Bala
- a carabina 44 na bandoleira,
a arma predileta -
como a de Sinhô Pereira.
Gritou todo o povo,
correu a criançada,
lá vem Chico Bala,
Lá vem Chico Bala dos Pereiras.
Foge macacada,
hoje deita a madeira.
Pau é pau Pereira,
esconde a patente tenente,
some com a farda soldadesca,
soltem os presos, abram a porta da cadeia.
Lá vem Chico Bala.
Corre Carvalho,
vai ter barulho na feira.
Mataram na tocaia,
lavrador, parente de Chico.
Mataram na covardia,
foi jagunço do Zé Limeira,
o coronel rasgou a cerca,
tomou do bocado,
pro muito que tinha,
deixando na miséria,
a viúva e a família.
Chico Bala veio cobrar,
dar recado daquela judiaria.
Avisaram na delegacia,
mataram o coronel Zé Limeira,
tacaram fogo na moradia.
Foi Chico Bala dos Pereiras,
tá na cidade agora,
tomando cachaça na vendinha.
Foi um aborrecimento,
pois naquele forno de zinco quente,
curtia sua lombeira,
deitado em sua rede,
o cabo Malaquias.
Juntou a sua tropa, a mais velente do sertão, eram Círilo, Pescador, Vírgilio, Zacarias, Alberto,
Fura-Lata, Gato-branco, Isaias, Gugu, Pirambeira, Bale, Borogodó, Tiro-Certo, Moreno,
Varejeira, Nego Eusébio, aquele que no raiar do dia, algum dia, vai matar Besouro Preto com
faca de ticum, onde metal não fura mandinga de Nega Avó. Saiu a volante em diligência: povo
de bem vá pra casa, leve junto suas crianças, a volante do Cabo Malaquias chegou! Vai correr
sangue no sertão!
Canta a carabina de Chico Bala,
já se vai pelo quarto dia.
A refrega é danada,
a que se dizer,
da volante do cabo Malaquias:
sustentou fogo na mata,
mostrou sua valentia.
Mangava-lhes Chico Bala,
era noite ou de dia.
Mas por mais que lutasse Chico Bala,
quando ela quer, não tem como ir contra a polícia.
Acudiu em reforço ao Cabo Malaquias,
sargento, capitão, tenente, major,
coronel, tropa, metralhadora, artilharia.
Zombava da morte Chico Bala,
mas ela o acharia
pelo tiro certeiro de Nego Eusébio.
Lá se foi o cangaceiro,
o que não aceitava covardia.
Caiu atirando,
morreu como queria,
ao enegrecer os olhos,
sorriu de alegria,
preferia morrer à bala,
a envelhecer na monotonia.
Seu nome Chico Bala,
alguém dele lembraria,
cantariam os repentistas,
contariam os velhos nas praças,
ouviria com atenção a criançada,
seria brincadeira da meninada,
suspiro da mulherada,
mais de dez,
naquela noite choraria.
Em seu enterro até briga haveria, pra saber qual viúva, o seu cadáver carpiria. Lá se foi Chico
Bala pro além, talvez ao inferno desceria, mas como sempre foi homem de justiça, Há de Deus
Dar por isso, esse seu sofrimento guerreiro. Nunca matou quem não merecesse, ou em refrega
não estivesse. Nunca levantou a mão pra velho, fraco ou mulher. Sempre respeitou o pai de
família, o alheio, nunca roubou ou pediu resgate por filho de ninguém. Nunca desonrou mulher
nenhuma, nem nunca fez covardia. O povo nunca lhe teve medo, por contrário sempre o
escondia da polícia, que surrava a quem fosse alcoviteiro, suspeito, ou por cisma. Lutou pelo
sertanejo, pelos Pereiras e pela justiça. Mas morreu como morre todo aquele que vai contra o
governo, na república ou na monarquia. Todo o povo reza pra que se alumie o seu caminho pro
céu, que lá São Pedro lhe dê acolhida.
- Vá com Deus Chico Bala, leve nossa oração. - Sinhô Pereira e Luiz Padre deixaram correr
uma lágrima, beberam ao defunto. - Adeus velho amigo, braço guerreiro. Do céu nos alumine
agora que buscamos a paz, a qual nunca quiseste, pois não podia haver trégua enquanto no
mundo houvesse injustiça.
Mas aconteceu que São Pedro não abriu a porta de céu e disse a Chico Bala umas tolices.
Chico se arreminou, e o poeta Zé Da luz, que lá esperava paciente o que se cêsse, insistiu para
que ele, Chico Bala se arresolvêsse. Pois que Chico Bala esfumaçou as porteiras do paraíso
e São Pedro vendo isso,
correu a Padre Cícero.
Este ordenou e Chico obedeceu,
pois pedido do santo padre,
sempre, todo cangaceiro acolheu.
Desceu para o inferno
onde estavam todos os carvalhos que matou,
terra onde seus inimigos
o esperavam com ardor.
Pois o diabo deu que Chico Bala não entrasse armado.
Onde se viu entrar pelado em lugar cheio de Carvalho?
Puxou Chico Bala da peixeira,
furou o bucho do inferno,
Zé da Luz lhe deu valor,
por ali fugiu toda a capetada,
pela terra se espalhou.
Hoje, esse mundo de Deus
tem capirôto pra tudo quanto é lado.
Ele, apesar do que Prometeu,
à terra nunca mais Desceu,
e o diabo corre à galope, faz a festa,
assim aconteceu.
Chico Bala voltou pro céu com Zé da Luz,
mas como lá não pode entrar,
basta começar a trovejar,
pra se saber que Chico Bala
botou sua carabina pra gritar.
- Acuda São Pedro, acuda Padre Cícero,
guardem bem essa porteira,
quem queima fogo no céu,
é Chico Bala dos Pereiras.




@cajuínas

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Fla X Flu histórico

Flamenguista liga para amigo tricolor no exterior...

Fla: Rapaz eu tenho uma boa e uma má notícia pra você.

Flu: Diga!

Fla: A boa é que o Fluminense fez 3 gols no Flamengo, a má é que o Flamengo fez 5 de volta!



Mulher vai acordar o marido tricolor para ir  trabalhar:

Mulher: Amor acorde, já são seis.

Tricolor (estonteado): O quê? O Adriano fez mais um?

Mulher: Não amor, calma! São seis da manhã.

(Adaptação de piada de Bruno Mazzeo)








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