quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

La Tregua, Francesco Rosi, 1997


La Tregua
(Francesco Rosi, 1997)

Bela Cena que retrata o retorno do Exército Vermelho, vitorioso pra casa após a segunda guerra mundial. O filme é inspirado no livro homônimo de Primo Levi. Primo Levi compara o espetáculo a uma parada circense. 

A cena em questão é citada no livro Moscou 1941, de Rodric Braithwithe. Interessante livro sobre a cidade de Moscou antes e durante o ataque alemão de 1941, que redundou numa batalha de cinco meses, cheia de heroísmos, tragédias e choque de massas, tanto humanas quanto industriais, culturais, ideológicas e patrióticas.

O autor faz uma interessante abordagem, buscando o lado humano e individual, dentro do tufão que era um conflito de massa como aquele, único na história. Deve-se filtrar sua ideologia extremamente contrária ao regime soviético. Tudo bem, ninguém quer defender o stalinismo, porém, fica a impressão de que o diabo é pintado mais feio do que era. Veja bem, era um diabo e estava pintado, mas... 

Por outro lado, lendo-se o livro, quem não conseguir filtrar a ideologia forte do autor, não consegue entender como o soviético lutou com tanta garra e bravura, entregando à pátria e ao seu povo tudo,  sua segurança física e mental e até mesmo sua vida. Somos levados a crer que tudo se decidiu por quem errava mais, Hitler ou Stalin e obviamente um conflito como a segunda guerra mundial, nunca se poderia decidir em cima das decisões, certas ou erradas, de dois homens, por mais poderosos que fossem. Não é assim que caminha a história.



Acredito que da mesma maneira que os historiadores durante o stalinismo foram tomados pela violenta ideologia ao se debruçar sobre o tema, com o fim do regime a onda revisionista, também tomada de paixão, busca destruir demais os símbolos e memórias soviéticos. Apesar de todos os horrores e erros, aquelas pessoas, o cidadão soviético comum, realmente acreditava estar construindo um futuro socialista e seu símbolo, hoje em dia tão desgastado, era a união dos trabalhadores da cidade e do campo, numa era em que as condições de vida do trabalhador eram as piores possíveis e o capitalismo ainda estava em uma fase muito mais voraz que a atual.



Muita água rolou, muita gente morreu, foi perseguida, massacrada torturada, teve sua família destruída para que as gerações atuais possam discutir democracia nos termos em que são discutidos, e até mesmo utilizar redes sociais para se mobilizar e destituir ditadores com todo apoio mundial.

Vale a leitura e vale ver o filme, com espetacular direção de Francesco Rosi e atuação de John Turturro. A cena é empolgante e o filme consegue transmitir a emoção daquelas pessoas e seu sentimento de gratidão ao exército libertador, como assim era visto o Exército Vermelho ao fim da guerra.

@cajuínas
Paulo Siqueira
www.cajuinas.blogspot.com

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