sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Aconteceu em Woodstock



Taking Woodstock de Ang Lee, um filme bacana, não vou me ater tanto aos aspectos do filme como fotografia (correta, faz referência à época e portanto, conservadora, alguns erros de continuidade e de eixo, na sala onde assisti, a máscara de projeção era 16X9 -1:66, portanto um pouco estreita, mas creio que é mais uma referência), edição idem à fotografia, com o uso de algumas multi-telas e wipes, nada surpreendente; sonorização muito boa, e trilha sonora de época, não podia deixar de ser.


Prefiro falar da construção dos personagens. Um elenco muito bom. Muito interessante os contrastes dos Hippies com os yuppies, os caipiras e wasp, veteranos de guerra, policiais e os próprios hippies/empresários. Mas vou me focar em dois personagens, Elliot (Demetri Martin), o principal e sua mãe, Sonia (Imelda Stauton).  Elliot é um personagem todo bem estruturado, um filho que assume a responsabilidade de tomar conta dos pais velhos e falidos, e cuja objetivo dramático é justamente se libertar deste fardo. Demetri compôs seu personagem na maneira de andar, falar, o cabelo, sua timidez, sua maneira de vestir. O personagem Elliot é bem auto-explicado, tanto suas motivações, suas fraquezas, sua homossexualidade é muito bem colocada, e seu choque ao se deparar com o gigantismo que foi Woodstock, às drogas até que por fim, resolve tomar as rédeas de sua vida.



Sonia está muito agressiva em sua linha dramática, a personagem chega a ser irritante, a ponto de o roteiro ter que explicá-la: no início, contando de sua infância fugindo das perseguições nazistas e stalinistas aos judeus, e adiante, quando ao ser desmascarada pelo filho, diz a fala: Eu tinha medo. Imelda é excelente atriz, mas a personagem tem falhas na construção da trama, é avara demais, agressiva demais, chata demais.


Woodstock:




A sociedade americana é sem dúvida a mais influente do mundo desde o fim da primeira guerra mundial. Que outro país teria um festival de rock numa área rural, que moveria o mundo e influenciaria todas as gerações seguintes? Um festival de música que foi em verdade um ato de protesto e resistência ao próprio país, seu conservadorismo, sua atitude imperialista (como a guerra do Vietnã), seu governo, seus preconceitos.

O filme consegue apresentar isso. A crítica à guerra, e a crítica aos Hippies e àquele mundo proposto de drogas, ausência de objetivos, raízes, drogas, promiscuidade e etc.

Vale uma conferida.



@cajuínas

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