quarta-feira, 3 de março de 2010

Avatar divisor de águas, mas nada demais.

Evitei colocar um post sobre o Avatar (James Cameron) pela polêmica que sei irá necessariamente provocar. Um filme com esta magnitude, tanto de projeto, de orçamento, quanto concepção, tem que causar impacto.




Considero que Avatar é um divisor de águas pelo seu aspecto 3D. O filme solidifica a tendência do cinema 3D que os especuladores garantem ser o futuro do cinema. Realmente os efeitos são magníficos, a trilha sonora (James Horner), inspirada nas canções do Volga ( do exército vermelho desde a revolução, até a segunda guerra mundial) é maravilhosa. Mas o filme é fraco

O roteiro é mais um daqueles em que um estadunidense, um marine (Sam Worthington), vai para uma cultura distante, exótica e atrasada ou primitiva (escolha o que mais lhe agrada), de pessoas ingênuas, mas com grande sabedoria telúrica. Este marine, um típico herói americano, veterano de guerra, que não gosta de seguir regras, nem hierarquias, cínico, precisa salvá-los da ganância capitalista e anti democrática. Mais músculos e sentimentos que cabeça, afinal os cientistas bonzinhos do filme, pra variar, não resolvem nada. Como sempre, o americano cawboy/legal, aprende a utilizar a cultura e as técnicas deste belo e simplório povo, melhor que eles, mesmo que as conheçam a milhares de anos. O antigo líder deste pobre povo morre e o marine se torna o novo líder, além de comer a mocinha (azul).

Mais um filme filho da doutrina Monroe. Claro que há a denúncia à ganância que destrói o meio-ambiente, à terceirização das forças armadas estadunidenses, como ocorreu no governo Bush filho, uma crítica velada à Blackwater (agora Xe) e cia. Mas no fim é sempre a mesma coisa, nós do mundo todo precisamos dos americanos pra nos salvar, nem que seja deles mesmo, ou de nós mesmos (escolha de novo o que mais lhe agrada).




O grande mérito do filme está realmente no uso dos efeitos 3D, mas como todo filme de efeitos especiais, daqui há cinco ou dez anos, vamos olhar e dizer: mas como eram toscos os efeitos naquela época. Posso estar enganado, mas quando vejo o Star Trek da primeira temporada, ou Fúria de Titãs entre outras pérolas dos efeitos especiais, é o que sinto (respeito é claro as limitações da época, e entendendo seu contexto histórico).

O filme na realidade é uma experimentação do Cameron na integração entre plataformas e do cinema com o game. Creio que esta tem sido uma tendência que se solidifica cada vez mais. Os lucros astronômicos e a repercussão, além da chatisse de não sair de cartaz, dão conta disto.




@cajuínas

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