sexta-feira, 26 de junho de 2009

Convergência


O diretor de cinema americano Spike Lee, em recente entrevista no festival de Cannes, falou sobre as possibilidades que as novas mídias oferecem aos produtores, se referiu especialmente ao celular. A palavra do dia entre os profissionais do ramo de publicidade e televisão é convergência. As verbas publicitárias da tv aberta caíram relativamente, desespero para a Globo, que além de disputar com a Record, ganhou um poderoso adversário, YouTube.


Estamos todos em busca desesperadamente de novas idéias que se insiram nesta tal convergência, e o que vem a ser isto? Programas ou serviços que apreendam o espectador na tv, internet e celular. Há no Brasil hoje em dia em torno de 160 milhões de telefones celulares, algo em torno de 50 milhões de usuários de internet. O conceito de uso da internet está mudando, se até há pouco tempo, em nossa cabeça navegar era ir a um terminal (computador em casa ou lanhouse), hoje em dia estamos em plena conectividade, ou seja, conectados fulltime, através de nossos smartphones. Claro que nem todos têm ainda o smartphone, e dos 160 milhões de celulares no Brasil, 120 milhões são pré-pagos. Mas a tendência é esta. Não esqueçamos que o mundo tem 6,5 bilhões de seres humanos, caminhando em marcha corrida para 7 bilhões. Ou seja, 7 bilhões de potenciais consumidores (tá ok, 1/6 da humanidade não é nem de perto consumidora, mas estamos falando de tendências, tá?).

O barateamento da tecnologia é um fator de democratização ao acesso. O que Spike Lee diz, é basicamente: com um celular com câmera, um menino pode fazer um filme. Martin Scorsese em seu livro (Scorserse por Scorserse), lá pelos idos de 1990, dizia que o cinema só vai ser realmente arte, quando uma menina de oito anos, de uma cidade pequena, puder fazer seu filme. Isto já acontece.





Muitos de nós somos apaixonados por cinema, legal! Todos nós podemos fazer filmes, vejamos: câmera hoje em dia é barato, qualquer celular tem, pra editar há softwares gratuitos, pra exibir tem o YouTube, os próprios celulares, há festivais e etc. Quanto à qualidade... bem é outro assunto amplo... Arte não se ensina, o que podemos discutir é o artesanato, as técnicas de execução. Há vários cursos e livros a respeito, também ninguém precisa esperar uma formação universitária para experimentar, um pouco de leitura, um pouco de experimentação, e assim vai.

Acho razoável não tentar encarar um filme pessoal feito em celular, como as superproduções holywoodianas (dá pra fazer, quem não se lembra do Ronaldinho acertando o travessão 3 vezes seguidas? Isso não tem a ver com a mídia, mas com os recursos). Efeitos especiais, explosões, tiros, etc. Mas há outras variáveis interessantes e fortes: uma boa história, com uma trama interessante e personagens pertinentes. Sugiro pra quem quer começar a estudar o assunto que leia "A Poética" - Aristóteles.



Dicas:

Boa trama - dramaturgia é conflito. Escolha um bom conflito, um perigo, um vilão, uma escolha difícil, tudo deve envolver riscos (morte, perder o amor da vida, ser corrompido, etc).

Personagens - especial atenção, nós assistimos filmes, séries, peças, por conta dos arquétipos que os personagens são. Nós nos identificamos com os personagens, em especial o herói. Portanto a construção do herói deve ser sólida. Todos os seres humanos têm virtudes e defeitos. O herói deve ser assim, ter traços notáveis, ou heróicos, como coragem, bondade, sensibilidade e etc. Mas deve ter também contrapontos, um deles (que chamamos de falha trágica) pode leva-lo a morte ou a falhar em sua jornada (sua vivência ao longo da trama). Ao fim de sua jornada, o herói deve receber uma recompensa (ganhar a mocinha, matar o vilão, aprender algo), mas principalmente, deve superar sua falha trágica e crescer.




@cajuínas

Um comentário: