quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Concorrentes do Kindle animam editoras a subir preços de e-books


CHARLOTTE RAAB


da France Presse, em Nova York

As editoras de livros dos Estados Unidos, resignadas durante anos com as vendas de seus títulos a preços menores no formato digital, voltaram a sorrir com a proliferação de novas plataformas, com as quais esperam impor suas condições.

O surgimento de muitos rivais do Kindle da Amazon, líder no mercado de livro eletrônico, dá novas esperanças às editoras, que celebram a chegada do iPad, da Apple, um completo e-reader (leitor digital) de livros, jornais e revistas. "Estamos em um momento feliz, não apenas com a Apple, mas também com o Nook da Barnes & Noble e os outros 23 dispositivos eletrônicos de leitura lançados, e com os 'Google Books' que parecem estar em qualquer esquina", afirma uma fonte da indústria editorial sob anonimato.

O iPad só estará disponível para os consumidores no fim de março, mas a Apple está sacudindo o mercado do livro digital, como fez com a indústria da música ao lançar o iPod e a loja de música on-line iTunes.

Ao apresentar o iPad, o presidente da Apple, Steve Jobs, anunciou acordos com cinco grandes editoras e um acordo que permite às empresas fixar preços maiores, enquanto a Apple se conforma com uma redução de 30%.

O novo modelo representa uma mudança na forma como a Amazon tem negociado até agora com as editoras.





US$ 10


Desde o lançamento do Kindle, há dois anos, a Amazon vendeu versões digitais de livros de capa dura e best-sellers a US$ 9,99, uma iniciativa que pretende fundamentalmente estimular as vendas do leitor eletrônico da gigante virtual.

As editoras nunca concordaram com o que consideravam um preço muito baixo, mas não tinham condições de discutir enquanto a Amazon não tivesse concorrência. Poucos dias depois da apresentação do iPad, a Macmillan informou à Amazon que gostaria de cobrar de US$ 12,99 a 14,99 por versões eletrônicas da maioria dos novos livros de capa dura e dos best-sellers. A Macmillan destacou que daria à Amazon uma redução de 30%, assim como aconteceria com a Apple. A Amazon protestou e retirou temporariamente os títulos da Macmillan, tanto impressos como eletrônicos, de sua livraria on-line, mas acabou cedendo. Com isto, outra grande editora, a Hachette Book Group, rapidamente imitou a Macmillan.

"É importante destacar que não escolhemos (mudar o modelo de fixação dos preços) para ganhar mais dinheiro em títulos digitais: de fato ganhamos menos em cada venda de livros digitais", afirmou o diretor-geral da Hachette, David Young, em uma carta recente aos agentes literários.
"Estamos dispostos a faturar menos nas vendas de livros eletrônicos em troca do controle sobre o valor de nossos produtos", completou.

Consumidor


O problema, destaca o analista Allen Weiner da consultoria Gartner, é que agora os leitores, acostumdos a pagar US$ 9,99 na média por um livro digital, não estarão dispostos a pagar um aumento súbito de 20% ou mais.
"O dano causado pela Amazon pode ser irreparável, e as editoras podem se ver obrigadas a reduzir os preços, opina.

Muitas editoras apostam na capacidade da Apple para convencer os consumidores e esperam pelo projeto "Google Edition", que tem como objetivo digitalizar todos os títulos.
Apesar de este projeto ter sofrido outro revés na quinta-feira (4), com a oposição do Departamento de Justiça americano à versão mais recente das condições da gigante da internet para proteger os direitos autorais e editoriais, as empresas do ramo confiam em seu sucesso.

"Em geral todos somos muito favoráveis ao 'Google Edition'", afirmou uma fonte do setor. "O projeto poderá ajudar outros distribuidores que, de outro modo, não teriam os meios para acessar a distribuição digital", completou outra fonte.



deu na Folha on Line



@cajuínas





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