domingo, 20 de dezembro de 2009

Mangueira mais parece um céu no chão!



Nas minhas voltas pela vida e pela noite carioca, fui parar no ensaio da Mangueira neste sábado. O táxi nos deixou na entrada da favela, um amigo que me acompanhava ficou desconfiado, natural, um ambiente diferente, onde pela imprensa sempre vemos cenas de conflitos e etc. A desconfiança foi vencida na barraca de drinks (tinha até mojito) ao lado da de churrasquinho.

Encontramos com o resto do grupo e entramos. Ainda rolava o show de aquecimento antes do ensaio.  Um grupo de sambafunk tocando Bebeto, Jorge Benjor, etc. Então começa o ensaio anunciando pela diretoria da escola. Abrem-se as cortinas e a bateria dá o seu recado. Ao fundo acima, São Sebastião, Nossa Senhora e São Jorge, pros sincrestistas, Oxossi, Iemanjá e Ogum.


A bateria da Mangueira, sob direção de Jaguara filho, é realmente algo de.. sei lá, não sei. Mas treme o chão, os pés recusam pisar.  Aí deu pra entender porque parece um céu no chão. Em meio à quadra, Queila Mara começou a evoluir (fico na torcida pra que seja solteira). Fez-se uma roda ao seu redor e alguns passistas da antiga, ou outras passistas entravam e evoluíam. É impressionante o prazer com que Queila samba. Sambou quase a noite toda, só parava para tirar fotos, sua simpatia é única, pois foram muitas e muitas fotos. O ritual do samba com a roda, lembra um pouco o candomblé, ou como meu amigo disse, raízes africanas. Tá tudo lá, o ritmo, a música, a dança, a roda, os santos, a referência aos antepassados e Queila Mara ao centro, como uma divindade, uma poesia de Yansã com sua elegância.

O ensaio continuou e a escola demonstra unidade e vontade de ganhar. O enredo é sobre si mesma, uma metalinguagem que me incomoda um pouco. Vejamos como será o carnaval de Jorge Caribé e Jaime Sezário. Renata Santos esteve majestosa à frente da Bateria e um destaque especial deve ser feito ao casal de mestre-sala e porta-bandeiras, Raphael e Marcela Alves. O mestre-sala tinha a função de proteger a porta-bandeira enquanto ela evoluía. A realidade mudou e já não é mais necessário a preocupação com algum ataque de adversários para roubarem a bandeira durante o desfile. Mas por tradição, é legal ver o mestre-salas dançando em harmonia, ligado na porta-bandeira, e não simplesmente fazendo performances. Foi lindo e o casal é maravilhoso.

Uma noite linda, todo mundo se divertindo, dançando, tocando, namorando e tudo na paz.




@cajuínas

Um comentário:

  1. Então vc viu a Mangueira entrar? Piadinha infame... rsrsrs! Mas ó, os ensaios que têm bombado são os da Império Serrano. Acho que semana passada eles receberam a bateria da Mangueira como convidada especial. Vale a pena aparecer por lá tb.

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